A Polícia Federal (PF) iniciou na manhã desta segunda-feira (22) a 23ª fase da Operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras.
Há uma equipe da PF fazendo busca e apreensão no apartamento do publicitário João Santana, num prédio no Corredor da Vitória, em bairro nobre em Salvador. Santana foi o marqueteiro responsável pelas campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014). Há mandado de prisão expedido contra ele, mas Santana está no exterior e não foi preso.
Lava Jato investiga repasse de R$ 7 milhões para grupo de João Santana
De acordo com a PF, os 51 mandados judiciais estão sendo cumpridos em Salvador e Camaçari, na Bahia, nas cidades do Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Petrópolis e Mangaratiba e também em São Paulo, Campinas e Poá.
LINHA DO TEMPO: Relembre as fases anteriores da Lava Jato
Foram presos o operador de propinas Zwi Skornik e estão em andamento buscas e apreensões ainda na Odebrecht. As medidas contra Santana foram prejudicadas, pois ele está fora do país.
João Santana é “guru” de Dilma e já trabalhou para Chávez
Leia a matéria completaA Polícia Federal, por enquanto, não confirma nomes, mas diz que entre os investigados da nova fase estão, além de um operador de propina – que seria o publicitário –, duas empresas: uma responsável por pagamento de viagens ilícitas e outra um grupo recebedor, cuja participação teria sido confirmada com o recebimento de valores (que ultrapassam 7 milhões de dólares) já identificados no exterior.
Uma advogada da empreiteira Odebrecht confirmou que a empresa é alvo de busca em São Paulo.
A construtora é uma das investigadas na operação e seus executivos foram acusados de pagar R$ 138 milhões em propina para ser contratada em oito obras da Petrobras.
Marcelo Odebrecht, herdeiro e ex-presidente da Odebrecht, foi preso em junho do ano passado e é um dos poucos empresários denunciados permanece atrás das grades.
A Operação Lava Jato é a maior investigação sobre corrupção conduzida até hoje no Brasil. Ela começou investigando uma rede de doleiros que atuavam em vários estados e descobriu a existência de um vasto esquema de corrupção, envolvendo políticos de vários partidos e as maiores empreiteiras do país.
A nova fase da Operação Lava Jato recebe o nome de Acarajé, em alusão ao termo utilizado por alguns investigadores para da nome ao dinheiro em espécie.
Lava Jato investiga repasse de US$ 7 milhões para grupo de João Santana
O inquérito investiga supostos pagamentos de US$ 7 milhões ao marqueteiro pela Odebrecht em paraísos fiscais. Na última década, o publicitário se dedicou no Brasil a campanhas do PT. A Polis Propaganda e Marketing assinou as campanhas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006 e da presidente Dilma Rousseff, em 2010 e 2014.
A Lava Jato chegou a João Santana por meio de anotações encontradas no aparelho celular de Marcelo Odebrecht, preso desde junho do ano passado, na 14ª fase da Lava Jato. Na mensagem a um executivo da empresa, Marcelo alerta: “Dizer do risco cta suíça chegar na campanha dela”. A partir de então, foram instauradas investigações para rastrear contas no exterior que teriam Santana como destinatário final do dinheiro.
PF deflagra 23ª fase da Operação Lava Jato
Leia a matéria completaOutro fato que chamou a atenção dos investigadores foi um documento manuscrito enviado por Mônica Moura, mulher e sócia do marqueteiro, ao consultor Zwi Skornicki que apontou duas contas, uma nos Estados Unidos e outra na Inglaterra. O consultor é representante da Keppel Fels, estaleiro de Cingapura que prestou serviços à Petrobras e seria o operador da propina paga pela empresa no país. A Keppel Fels firmou contratos com a Petrobras entre 2003 e 2009 no valor de US$ 6 bilhões.
Em despacho na semana passada, o juiz Sergio Moro negou pedido dos advogados de João Santana para ter acesso às investigações justificando que o rastreamento financeiro demanda sigilo, sob risco de dissipação dos registros ou dos ativos. “Como diz o ditado, o dinheiro tem ‘coração de coelho e patas de lebre’”, escreveu o magistrado.
No sábado (20), os criminalistas Fábio Tofic Simantob e Débora Gonçalves Perez, informaram ao juiz Sergio Mouro que seus clientes estavam à disposição dele “para prestar todos os esclarecimentos necessários à descoberta da verdade” e que ouvi-los em caráter preliminar poderia “evitar conclusões precipitadas e prevenir danos irreparáveis que costumam se seguir a elas, mormente porque neste caso os prejuízos extrapolariam o conturbado cenário político brasileiro, pois os peticionários estão hoje incumbidos da campanha de reeleição do Presidente Danilo Medina, da República Dominicana”.
Os advogados também afirmaram que a Lava Jato “foge completamente ao perfil de investigados que não são nem nunca foram funcionários públicos; não são nem nunca foram empresários com contratos com o poder público; não são nem nunca foram operadores de propina ou lobistas.” Segundo o advogado, Santana e a mulher são “jornalistas e publicitários de formação” de renome internacional no marketing político. “Cada centavo que receberam na vida sendo fruto exclusivo de seu trabalho absolutamente lícito.”
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