O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa defendeu a demissão do ministro da Justiça José Eduardo Cardozo. Barbosa criticou, em sua conta na rede social Twitter na noite de ontem, encontros do ministro com advogados das empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato. O Globo revelou que o ministro esteve com representantes da empreiteira Odebrecht, fato que consta em sua agenda, mas sem a menção à empresa.

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"Nós, brasileiros honestos, temos o direito e o dever de exigir que a Presidente Dilma demita imediatamente o Ministro da Justiça. Reflita: você defende alguém num processo judicial. Ao invés de usar argumentos/métodos jurídicos perante o juiz, você vai recorrer à Política?", disse o ex-presidente do STF.

Barbosa citou ainda como "ajuda a memória" decisão tomada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) às vésperas do início do julgamento do mensalão, em 2012, que considerou regular contrato da agência do empresário Marcos Valério com o Banco do Brasil. O contrato foi apontado posteriormente pelo STF como uma das formas de desvio de recursos que abasteceram o esquema do mensalão.

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Cardozo encontrou-se no dia 5 de fevereiro com os representantes da Odebrecht. Na agenda oficial a reunião com Maurício Roberto Ferro, Pedro Estevam Serrano e Dora Cavalcanti consta como "visita institucional". Não há menção ao nome da empreiteira. Ferro é vice-presidente jurídico da Odebrecht e Serrano e Dora trabalham para a construtora.

O ministro confirmou a realização reunião. Afirmou que os advogados foram lhe entregar representações denunciando supostos irregularidades em fatos que envolvem a Operação Lava-Jato. Alegou sigilo para não dar detalhes das acusações feitas pela defesa da empreiteira. A construtora ainda não se pronunciou sobre a reunião.

A Odebrecht foi citada na delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. De acordo com ele, a construtora teria lhe pagado US$ 31,5 milhões em propina. Ele afirmou que o dinheiro era depositado em contas na Suíça pelo operador Bernardo Freiburghaus, dono da Diagonal Investimentos. Ainda segundo Costa, os US$ 31,5 milhões foram depositados entre os anos de 2012 e 2013 em quatro ocasiões. Ele disse que a propina foi enviada pela construtora para quatro contas correntes diferentes em nome de empresas criadas por ele. A Odebrecht negou as acusações, que qualificou como "calúnias".

A revista Veja afirmou que Cardozo se reuniu também com Sérgio Renault, sócio de um escritório que defende a UTC Engenharia. Cardozo disse que o encontro com Renault foi apenas na antessala de seu gabinete, sem uma reunião de fato. O ministro negou também ter tranquilizado as empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras. A UTC limitou-se a dizer que Renault não é advogado da empresa, apesar do sócio dele, Sebastião Tojal, defender a construtora