Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Um dia depois de dar a entender que aguarda a demissão do presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o ministro da Defesa, Nelson Jobim, criticou a lentidão da agência. Para o ministro, além do mau tempo, a "leniência da Anac" contribuiu para aumentar os problemas nos aeroportos no fim de semana e na segunda-feira. O ministro também criticou o atendimento das empresas aéreas a seus passageiros.

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- Continua naquela leniência que a caracteriza neste ponto - afirmou o ministro da Defesa durante a solenidade de entrega da Ordem do Mérito Aeronáutico, na Base Aérea em Brasília.

Segundo Jobim, os passageiros continuaram sem informações e assistência das companhias aéreas, e a Anac não agiu. Mas, na opinião do ministro, os atrasos registrados no fim de semana não significam que o caos aéreo vai voltar. Em relação à resistência do presidente da Anac, Milton Zuanazzi, em deixar o cargo, Jobim disse que "cada coisa tem seu tempo". O ministro defende a reformulação completa da agência.

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- Cada coisa no seu tempo. Nós ainda não terminamos o almoço e temos de aguardar o jantar. Cada coisa no seu tempo e vocês terão a notícia no exato momento. O que nós deixamos claro é que precisamos ter nova estrutura da Anac, que responda às necessidades do espaço aéreo brasileiro e da circulação aérea no Brasil. Primeiro preciso nomear três - disse.

Segundo o ministro, em relação às questões meteorológicas, o governo não pode atuar, mas tem como intervir nos problemas técnicos.

- Houve um problema de tempo, problema meteorológico e não podemos fazer nada a esse respeito. O que nós observamos claramente foi a falta de assistência pelas empresas aos seus passageiros, e esse é um problema. Ou seja, mostra a inadequação ainda da conduta das empresas no atendimento correto a seus passageiros, a seus consumidores e nesses assunto nós podemos intervir. Em relação ao outro, eu não tenho como chegar a São Pedro e resolver o problema - afirmou.

Problema em Congonhas ocasionou efeito cascata

O pivô do caos no fim de semana e na segunda, foi, mais uma vez, o aeroporto de Congonhas, em São Paulo. No domingo, dia do Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, o aeroporto foi fechado das 20h41m às 21h05m, o suficiente para provocar atrasos em diversos outros aeroportos ao longo de todo a segunda-feira. Devido aos atrasos, os Juizados Especiais instalados nos aeroportos registraram um total de 65 atendimentos; número recorde desde a inauguração dos Juizados, em 8 de outubro.

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Os passageiros que embarcam nesta terça-feira em Congonhas ainda encontram atrasos e cancelamentos de vôos. De acordo com a Infraero, até 13h, das 121 operações programadas desde a abertura do aeroporto 25 apresentam atrasos de mais de uma hora, o que representa 20,7%. No Rio, o mau tempo fechou o Aeroporto Santos Dumont por três horas nesta terça-feira.

O presidente da Infraero, Sérgio Gaudenzi, reconheceu nesta terça-feira que a estatal falhou no fim de semana quando passageiros enfrentaram atrasos e cancelamentos de vôos nos aeroportos de São Paulo.

- Nós deveríamos ter alertado que era um fim de semana com uma decisão mundial, de título, com muita gente vindo para o país, pessoas com um alto poder aquisitivo, que iam viajar de avião e helicóptero para se deslocar. Deveríamos ter chamado a atenção que seria um momento complicado, com atrasos, como deveremos fazer agora para o fim de ano - disse Gaudenzi.

Jobim aguarda demissão de Zuanazzi, que diz que fica

Na segunda-feira, o ministro Jobim disse que a demissão de Zuanazzi só não aconteceu porque apenas um dos quatro nomes indicados por ele até agora para a nova diretoria da agência (o brigadeiro Alemander Pereira Filho) foi aprovado pelo Senado. Zuanazzi reafirmou que continuará à frente da Anac, apesar da pressão para que deixe o cargo.

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- O problema todo é que ele (Zuanazzi) só poderá sair no que tiver três (diretores). Temos um que já foi indicado (Allemander, cuja nomeação está publicada no Diário Oficial), temos dois que serão sabatinados no Senado (Marcelo Guaranys e Alexandre Barros). O Senado tem um timing demorado, só depois disso é que nós vamos examinar a questão - disse Jobim, após reunião com o comando do Exército.

Jobim afirmou que Zuanazzi tem um acordo com o governo para deixar a presidência da Anac:

- Pelo menos foi a manifestação que foi feita ao ministro Walfrido (Walfrido dos Mares Guia, ministro das Relações Institucionais) - disse.

Zuanazzi diz que é irresponsável deixar país sem autoridade no setor

Zuanazzi voltou a dizer nesta segunda-feira, porém, que vai continuar no cargo. Segundo ele, seria uma irresponsabilidade sair agora e deixar o país sem autoridade no setor da aviação, no momento em que os outros diretores da agência pediram demissão.

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O presidente da Anac disse que quem o indicou para o cargo foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que só ele pode tirá-lo:

- Meu mandato é de diretor, quem escolhe é o presidente Lula. Ele me escolheu antes e pode a qualquer tempo trocar o presidente (da Anac). Nenhum de nós pode estar acima da lei. Se a lei é ruim, mude-se a lei.

CPI vai acusar Infraero de desviar meio bilhão de reais

O relatório final da CPI do Apagão Aéreo no Senado, que poderá ser votado nesta quarta-feira, acusa a Infraero de desviar mais de meio bilhão de reais , sendo R$470 milhões no superfaturamento de construções e reformas de oito aeroportos, entre os quais estão o Santos Dumont, Congonhas, Guarulhos e Brasília.