Ao discursar no seminário de perspectivas brasileiras de segurança, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, falou da importância da Estratégia Nacional de Defesa como política de Estado e não de governo e aproveitou para dar recados para os que assumem os governos pensando em mudar o que está em andamento. Jobim condenou "algumas pessoas que acham que têm de ajustar as contas com o futuro retaliando o passado" e os que, nas mudanças de governo, gastam pelo menos dois anos apenas falando mal do governo que saiu.

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"Algumas pessoas, nas mudanças de governo, se é governo de oposição, gastam um tempo enorme, às vezes dois anos, falando mal do governo anterior, sem fazer coisa alguma a mais, a não ser falar mal de quem saiu", prosseguiu Jobim, acrescentando que este tempo deveria ser gasto na construção do País e não se queixando, "dizendo isso ou aquilo, durante dois anos, perdendo um tempo imenso, uma energia imensa".

Questionando para quem estava dando o recado, Jobim preferiu não personificar, afirmando que "era para todos aqueles que pensam que se constrói o futuro retaliando o passado". Perguntando se a mensagem de que não se deve perder dois anos de governo criticando o antecessor poderia ser para o próximo governo, Jobim disse que ela "serve para todos".

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Jobim, que anteriormente já havia defendido a política externa brasileira de buscar o diálogo e não isolar o Irã, ameaçado de sanções pelo Conselho de Segurança da ONU, afirmou que "o diálogo, o sentar à mesa é o caminho da superação das dificuldades, mas não a exclusão". O ministro atacou ainda os que pensam que podem dizer com quem o Brasil pode conversar. "Alguns acham que podem dizer ao Brasil com quem devem se sentar e, agora, estão sabendo que o Brasil se senta com quem quiser, sem dar atenção àqueles que acham que não deveríamos nos sentar com este ou aquele".

IPEA

Em rápida entrevista, ao deixar o Quartel-General do Exército, o ministro da Defesa desqualificou o estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que fala que os principais aeroportos do País não têm capacidade para atender à demanda de pousos e decolagens e que questiona a alta carga tributária ao setor de aviação civil.

"O estudo é um equívoco", possui informações "incorretas" e "dados desatualizados", desabafou Jobim, acentuando ainda que citar que a carga tributária, particularmente o ICMS sobre o transporte aéreo, é um problema, é um absurdo. "Desde 1991, não há incidência de ICMS sobre tarifa aérea. Foi uma decisão do STF", disse ele, lembrando que era ministro do tribunal à época.