O ministro da Defesa, Nelson Jobim, fez nesta quarta-feira, na Comissão de Infra-estrutura do Senado, uma exposição sobre as providências e as medidas que o ministério adotou para descongestionar o aeroporto de Congonhas. Jobim disse que será inflexível em sua decisão de que o aeroporto não terá mais conexões e escalas.
Ele garantiu que não vai aceitar nem mesmo a proposta das empresas de permitir que uma aeronave fique parada no aeroporto, para em seguida voar para outro destino que não sua origem.
- Se eu aceitar isso, nós estaremos reestabelecendo o sistema anterior. É exatamente isso que as empresas querem fazer e nós não vamos deixar - afirmou.
Jobim quer enviar um projeto alterando o Código Aéreo Brasileiro, para reduzir de quatro para duas horas o prazo máximo de atrasos para vôos nacionais, além do qual se passa a cobrar multa. Pela legislação atual, tanto os vôos nacionais quanto os internacionais podem ter atrasos de até quatro horas. Quanto aos vôos internacionais, Jobim não pretende propor mudanças.
O ministro disse que o Ministério da Defesa vai intensificar a fiscalização no que se refere às jornadas de trabalho dos pilotos. Ele contou que o ministério têm recebido muitas denúncias de que as empresas estariam estendendo a carga horária dos tripulantes dos vôos.
Jobim ainda anunciou que vai abrir inquérito administrativo disciplinar para investigar as circunstâncias de como foi anexado um documento da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) com falsas medidas para subsidiar a decisão da juíza do Tribunal Regional Federal (TRF) Cecília Marcondes que autorizou a abertura do aeroporto de Congonhas. O ministro disse, no entanto, que ainda vai analisar quais funcionários serão incluídos no inquérito.
Ele acrescentou que vai examinar a conveniência ou não solicitar o afastamento temporário de todos os envolvidos no caso, entre eles a diretora da Anac Denise Abreu. Os sigilos bancário, fiscal e telefônico da diretora já foram querbrados na terça-feira pela CPI do Apagão Aéreo do Senado.
Aécio pede a Jobim que Confins vire ponto de distribuição de vôos
À tarde, Jobim se encontrou com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves. Acompanhado de toda a bancada federal de Minas e até de deputados estaduais, o governador pediu que o aeroporto de Confins seja uma das alternativas para os vôos que serão transferidos de Congonhas. Aécio propôs até que o aeroporto receba vôos internacionais, hoje operados por Guarulhos, argumentando que Confins já tem estrutura pronta e que seriam necessários pequenos ajustes para receber mais movimento.
Ele também pediu ao ministro a ampliação da pista dos atuais 3.000 metros para 3.600 metros. A idéia do governador é que Confins vire um ponto de distribuição de vôos (hub) que chegam do Sul em direção ao Centro-Oeste e ao Nordeste.
Ao sair do encontro, Aécio disse que fez questão de dar um caráter político ao encontro, trazendo toda a bancada mineira, para mostrar que "temos um peso importante quando as regulamentações do setor forem para o Congresso". Segundo ele, o ministro disse apenas que a proposta está sendo analisada.
Pela manhã, o governador já havia apresentado ao presidente Lula um plano de ampliação do aeroporto. Segundo ele, as obras necessárias para ampliar o aeroporto podem ser custeadas com a receita anual da Infraero gerada com a operação de Confins.
- Não tem solução para o caos aéreo mais rápida e mais barata do que Confins - disse o governador.
O governador afirmou ainda que, no programa de aceleração do crescimento (PAC), os investimentos em aeroportos de Belo Horizonte tratam apenas da ampliação das vagas de estacionamento de Confins para exploração e geração de receita para a Infraero.
Aécio disse que o estado está fazendo os investimentos necessários no aeroporto, como a construção de um acesso rápido. Segundo ele, serão 38 quilômetros de rodovia sem interrupção até Confins, 80% deles já construídos e inaugurados. Aécio disse ainda que seu governo encontrou o aeroporto de Confins praticamente abandonado e o reativou. O governador afirmou também que as rotas nacionais foram transferidas do aeroporto da Pampulha para o de Confins:
- Transferimos na marra para Confins, contra a vontade das empresas - afirmou.Assine O Globo e receba todo o conteúdo do jornal na sua casa
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