Empresas aéreas se reúnem com Nelson Jobim
Na reunião que teve na manhã desta segunda-feira com representantes do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), o ministro da Defesa, Nelson Jobim, pediu uma relação de transparência entre governo e companhias aéreas. Segundo ele, as empresas precisam ser parceiras no processo de reestruturação da malha aérea do país. Jobim voltou a cobrar sua reivindicação pessoal de que a distância entre as poltronas dos aviões seja maior, afirmando que a área se tornou tão pequena que deveria se chamar "espaço anti-vital".
O encontro foi o primeiro realizado entre Jobim e as companhias após o anúncio de medidas para desafogar o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. As empresas, que não quiseram falar após a reunião, têm reclamado reservadamente das decisões do governo, afirmando que seria necessário até adquirir mais aeronaves para fazer frente às exigências.
Na reunião, as empresas disseram ao ministro que vão encaminhar de forma fundamentada suas reivindicações, além de apresentarem estudos sobre os aeroportos brasileiros e sobre a relação entre aviação civil e Produto Interno Bruto (PIB).
As companhias pedem ainda mudanças no limite dos vôos diretos do Aeroporto de Congonhas. O Ministério da Defesa pede duração máxima de duas horas para esses vôos. As empresas aéreas querem, no entanto, que esse limite deixe de ser calculado por hora e passe a ser feito a partir da quilometragem. Com isso, o número de vôos diretos seria maior, segundo o sindicato.
O secretário-geral do Conselho Consultivo do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), Anchieta Hélcias, durante encontro com o ministro da Defesa, Nelson Jobim - Agência Brasil
Na primeira semana de Jobim no cargo, representantes do Snea estiveram com assessores dele no Ministério da Defesa. O objetivo da visita foi avisar que as empresas teriam dificuldades de cumprir as novas exigências do governo, tomadas por meio do Conselho de Aviação Civil (Conac). Jobim tem sido duro com as empresas, afirmando que elas terão que "se adaptar" às novas regras. O ministro pediu "lucidez e nacionalidade" às companhias, para que elas atendam à reivindicação de aumentar o espaço entre as poltronas nas aeronaves brasileiras.
Desse primeiro contato entre o ministro e o setor empresarial, não participaram diretores da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), responsável pela regulação e a fiscalização das companhias.
À tarde, Jobim se reúne com o vice-presidente regional da International Air Transport Association (Iata). Em seguida, com representantes da Associação Brasileira de Empresas de Transportes Aéreos Regionais (Abetar).
Ministro se reunirá com familiares das vítimas
Para se encontrar com as companhias, Jobim adiou a audiência que estava marcada para esta segunda-feira com toda a diretoria da Anac. A reunião com os dirigentes da agência só deverá ocorrer na quinta-feira. Na terça-feira, o ministro estará em Porto Alegre (RS) para um encontro com as famílias das vítimas do acidente da TAM.
Na mesma quinta-feira, a diretora da Anac, Denise Abreu, vai prestar depoimento à CPI do Apagão Aéreo do Senado, a partir de 11h. Também foram chamados o novo presidente da Infraero, Sérgio Gaudenzi, e o ex-presidente da estatal, José Carlos Pereira - que denunciou que Denise teria feito pressão para transferir o transporte de cargas de Guarulhos e Viracopos para Ribeirão Preto (SP).
A diretora nega as acusações, inclusive a de que teria se posicionado contra as decisões do governo sobre Congonhas. Nos bastidores, diretores da Anac admitem que será difícil as empresas fecharem a nova malha aérea. Jobim disse a interlocutores que analisará as questões sobre a Anac a partir desta segunda-feira.
No domingo, por meio da assessoria, Denise divulgou nota em que diz estar pronta para dar todos os esclarecimentos.
"É um absurdo imaginar que uma servidora pública exemplar como Denise Abreu possa rebelar-se dessa forma contra diretrizes superiores", diz um trecho da nota.
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