O novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, que presta depoimento nesta quarta-feira na CPI do Apagão Aéreo do Senado, afirmou aos senadores que há uma sobreposição de autoridades e de competências no setor aéreo do país. Segundo o ministro, o quadro atual gera problemas com a existência de vários órgãos como Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Infraero, Ministério da Defesa e Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea).

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Segundo ele, o ministério está reanalisando o problema e a saída encontrada até agora é o fortalecimento do Conselho de Aviação Civil (Conac). Num recado aos outros órgãos do sistema aéreo, o ministro disse que o Conac é o único competente para fixar as diretrizes da política de aviação civil.

- Nós temos um problema: há uma sobreposição de competências no sistema institucional que trata da aviação civil. Isso não é uma questão de ter vários personagens, como Ministério da Defesa, Conac, Anac, Infraero, e a própria Aeronáutica. O problema é que há uma sobreposição de autoridades e de competências. Isso é sério, porque quando acontece alguma coisa o culpado é sempre o outro - afirmou Jobim.

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O ministro anunciou que vai criar uma secretaria-executiva para ficar responsável por cobrar quinzenalmente ações da Anac, da Infraero e do Decea. Segundo ele, a medida tem por objetivo fortalecer o Conac. Ele frisou ainda que cabe à Anac cumprir, e não fixar, as políticas da aviação divil,

- Cabe à Anac e à Infraero cumprir as diretrizes do Conac, e não fixar a política de aviação civil - disse.

Jobim anunciou que determinou à Anac estudos sobre o espaço interno dos aviões. O ministro disse que nos últimos anos, para atender ao aumento de passageiros, as empresas recorreram a aviões cada vez maiores, mas com espaço interno reduzido.

- Já determinei à Anac a recomposição do espaço vital (entre as poltronas) dos aviões, que se respeite o usuário e não os interesses das empresas de terem mais passageiros nos vôos, um espaço condizente com o tamanho médio dos brasileiros - afirmou.

Jobim lembrou que a demanda de passageiros foi muito superior ao número de vôos nos últimos anos. Ainda segundo ele, os aviões menores desapareceram do mercado, principalmente na aviação regional.

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Diante de um plenário praticamente vazio, o ministro iniciou o depoimento com apenas os senadores Sergio Zambiazzi (PTB-RS) e João Pedro (PT-AM) presentes. Ao chegar ao Congresso, Jobim teve que esperar no gabinete da presidência do Senado até que a audiência começasse e não quis falar com a imprensa.

A audiência começou esvaziada porque os senadores estavam reunidos na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que aprovou na manhã desta quarta-feira a indicação do senador Marco Maciel (DEM-PE) para substituir o senador Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA), que morreu no mês passado.

Novo presidente da Infraero terá carta-branca, diz ministro

Na terça-feira, o ministro deu posse ao novo presidente da Infraero, Sérgio Gaudenzi, e disse que ele terá liberdade para fazer mudanças na estatal que administra os aeroportos. Gaudenzi já anunciou que vai pedir aos diretores que ponham os cargos à disposição . A cerimônia foi marcada por certo mal-estar entre Jobim e o ex-presidente da estatal José Carlos Pereira, demitido pelo ministro.

O relator da CPI do Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO), afirmou que vai pedir rastreamento bancário de diretores e agentes políticos da Infarero , que teriam se beneficiado de obras superfaturadas. A decisão foi tomada depois dos depoimentos dos procuradores Suzana Fairbanks Lima e José Ricardo Meireles, de São Paulo, e Helio Telho Corrêa Filho, de Goiás, na tarde desta terça na comissão.

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Em outra frente de investigação, a CPI da Câmara ouve o comandante da Aeronáutica brigadeiro Juniti Saito, a partir das 12h. O depoimento estava previsto para a semana passada, mas foi adiado em razão da troca do ministro da Defesa. Os deputados decidiram remarcar o depoimento de Saito para permitir que ele e Jobim acertassem a nova linha de ação do governo para a crise no setor.