O jogador Jorginho, da seleção brasileira de futebol de areia, prestou depoimento na Polinter nesta quarta-feira sobre seu suposto envolvimento com o traficante Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-Te-Vi, chefe da venda de drogas na Rocinha. Segundo a assessoria do atleta, ele considerou o depoimento tranqüilo e repetiu o que já tinha dito na véspera em entrevista coletiva.
Gravações telefônicas feitas pela polícia, com autorização judicial, revelaram que Jorginho foi até a uma festa de aniversário de um gerente das bocas-de-fumo da comunidade e pediu para Bem-Te-Vi chamar pelo radiotransmissor um outro amigo, que ainda não foi identificado. Na conversa, Jorginho chama o homem para a comemoração na favela. Segundo a inspetora Marina Maggessi, o atleta prestou depoimento como testemunha, para explicar que tipo de relacionamento teria com o traficante.
Segundo sua assessoria, Jorginho disse nesta quarta-feira já ter esclarecido tudo para a imprensa e para a polícia. Agora ele quer botar um ponto final no assunto e tratar de sua vida profissional.
- Hoje encerrei o assunto, não quero falar mais nisso. Quero voltar a focalizar minha profissão, que é jogar futebol - afirmou.
Jorginho argumenta que freqüenta a Rocinha há sete anos, participa de festas beneficentes e ajuda a comunidade com projetos sociais.
- Eu conheço o Bem-Te-Vi porque, quando estamos nas comunidades, as pessoas aparecem. Não posso discriminar ninguém - dissera o jogador, em coletiva na terça-feira.
Na segunda feira, quem presta depoimento na Polinter é o jogador do Vasco Romário. Investigado pela 21ª DP (Bonsucesso), ele é citado numa conversa entre o traficante Tadeu Nascimento Silva, o Bola, "gerente" do tráfico de drogas na Vila dos Pinheiros, no Complexo da Maré, e o taxista Gustavo Lima da Silva. O jogador teria sido visto pelo taxista numa festa na Favela da Rocinha no dia 19 de maio.
No diálogo, gravado com autorização judicial, Bola comenta com Gustavo que o jogador também iria na Vila dos Pinheiros para jogar uma partida de futebol. O delegado da 21ª DP, Jader Amaral, quer saber se realmente o jogador esteve nas favelas e qual a relação de Romário com os traficantes Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-Te-Vi, chefe do tráfico na Rocinha, e Bola.
- Estive com ele uma única vez na minha vida: quando fui à Rocinha participar de uma pelada que visava a arrecadar alimentos para a comunidade. Nada mais - disse o atleta, que negou também ter enviado pares de tênis ao traficante, conforme foi ouvido no grampo feito pelos policiais da Polinter. Nas gravações, Bem-Te-Vi conta a um parceiro que um "assessor do R. trouxe um montão lá dos Estados Unidos".
O goleiro da seleção brasileira Júlio César, que está na Croácia, falou pela primeira vez, nesta terça-feira, à TV Globo, sobre as gravações em que ele aparece conversando com o traficante Bem-Te-Vi, o chefe do tráfico da favela da Rocinha. Na gravação telefônica, Júlio César avisa o bandido sobre um assalto que testemunhou em frente à Rocinha.
- A gente fica com medo de não atender. O cara quer falar contigo e não vou falar? Sei que as pessoas dizem que foi um ato irresponsável, entendo por tudo, mas a minha situação é essa, não tenho o que esconder, todo mundo me conhece, sabe a vida que eu levo, tenho uma família maravilhosa, uns pais maravilhosos que me educaram muito bem, não tenho que esconder nada - disse o goleiro.
Sobre Júlio Cesar, a chefe do setor de investigações da Polinter, inspetora Marina Maggessi, informou que vai ouvi-lo por carta rogatória, já que ele mora na Itália, onde joga pelo Inter de Milão. O goleiro aparece nos grampos conversando duas vezes com Bem-Te-Vi.
Novas escutas divulgadas pela Polinter mostram um outro jogador conversando com Bem-Te-Vi. O atleta, chamado Beto, fala diretamente com o traficante pelo radiotransmissor de um homem identificado apenas como Marquinho.
Na segunda-feira, o chefe de Polícia Civil do Rio, Álvaro Lins, disse que há suspeita de que traficantes se utilizariam de artistas e jogadores de futebol para atrair mais gente a bailes funk e outros eventos nas comunidades com o objetivo de aumentar a venda de drogas. Todas as celebridades que foram citadas ou tiveram conversas com traficantes no grampo feito pela polícia serão intimadas a depor para explicar suas relações com os traficantes.
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