Os principais jornais e sites de notícia do mundo se voltaram para São Paulo nesta sexta-feira (9), focando o encontro entre os presidentes dos Estados Unidos, George W. Bush, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da silva.
A rede de televisão CNN fez uma cobertura intensiva, com entradas ao vivo da correspondente da emissora em São Paulo, e chegou a transmitir ao vivo o pronunciamento conjunto dos dois presidentes. O site da CNN diz que Bush discutiu acordos de biodisel e que os manifestantes protestam porque temem a criação de "um cartel de etanol" entre Brasil e EUA.
O site da CNN deu destaque para o fato de que Bush não chegou a ver os protestos que aconteceram por toda a cidade de São Paulo desde a quinta-feira (9).
O espanhol El País, sempre muito crítico com Bush, diz que os dois presidentes selaram um acordo para aumentar a produção de biocombustíveis como alternativa ao petróleo venezuelano, querendo frear a influência de Hugo Chávez.
O jornal deu grande destaque para os confrontos na Avenida Paulista na quinta-feira e afirmou que o presidente americano "começou sua viagem à América Latina sob fortes protestos". O diário espanhol ressaltou ainda que o "momento mais importante da viagem" será a declaração conjunta dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush, que deverão anunciar um acordo para compartilhar a tecnologia de produção de etanol.
O mais importante jornal americano, The New York Times, deu um enorme destaque em sua página na internet para o acordo de pesquisa em biocombustíveis selado entre os dois países. Segundo o jornal, um dos principais objetivos de Bush foi lembrar que a América Latina "não foi esquecida pela atual administração".
O diário americano diz que a presença de Bush acende o debate de dois modelos econômicos antagônicos: o capitalismo defendido por Bush e o socialismo que vem sendo pregado por líderes de esquerda, como Hugo Chávez - que ganhou poder e popularidade nos últimos anos e hoje é considerado o maior oponente de Bush na região. O jornal lembra também que o Brasil é o maior produtor de etanol do mundo e fala da importância para os EUA de um acordo estratégico de produção de etanol com o Brasil. Rory Carroll, a correspondente na América Latina do jornal The Guardian, conta que Bush conseguiu assinar os acordos que o interessavam no Brasil, mas que sua visita enfrentou "violentos protestos"
O jornal diz que Bush está fazendo um tour por cinco países latino-americanos num esforço para melhorar a imagem de Washington e conter a influência do presidente venezuelano, Hugo Chávez, na região. Segundo o jornal britânico, o objetivo de Bush é fazer frente às administrações de esquerda na América Latina.
O Guardian publicou ainda uma matéria sobre o "exército" de 200 mil migrantes pobres que trabalham nas piores condições como cortadores de cana para sustentar o "boom" do etanol no Brasil. O jornal se refere a esses trabalhadores como "os escravos do etanol".
O jornal francês "Le Monde" também dá destaque à visita de Bush à América Latina, afirmando que o "etanol brasileiro interessa a Bush". Comentando os protestos e manifestações na chegada do presidente americano a São Paulo, o jornal afirma que Bush enfrentará "um vivo sentimento anti-americano" durante sua turnê pela América Latina. Para o Le Monde, as manifestações anti-Bush no Brasil, antes mesmo de sua chegada, foram uma expressão desse sentimento.
O diário italiano Corriere Della Sera, o objetivo da viagem de Bush é fazer frente ao "pesadelo" da influência do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, nos países latino-americanos. O jornal se refere a Chávez como "o novo Castro", em referência ao líder cubano. O "Corriere della sera" trata a viagem de Bush como uma "reconquista" do território. O jornal cita ainda as manifestações contra Bush na Colômbia.