Brasília (Folhapress) O plenário da Câmara dos Deputados cassou o mandato do deputado José Dirceu (PT-SP), 59 anos, ex-ministro da Casa Civil e um dos principais responsáveis pela campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. Dos 495 deputados que participaram da sessão, 293 votaram a favor da cassação e 192 contra. A apuração dos votos terminou à 0h10 de hoje.
Com a cassação, Dirceu ficará inelegível até janeiro de 2015. Ou seja, na melhor das hipóteses, só poderá concorrer novamente nas eleições municipais de 2016.
Dirceu era considerado o "homem forte do governo" e era chamado por alguns rivais de "primeiro-ministro" do governo. Foi também tido como o responsável por gerir o rolo compressor no Congresso Nacional para aprovar projetos de interesse do Executivo, deixou a Câmara antes de iniciada a contagem dos votos, antes de perder seu mandato.
Na terça-feira, Dirceu dizia que estava preparado para a votação, mas contava com uma decisão a ser favor no Supremo Tribunal Federal (STF) na análise do mandato de segurança que pedia a suspensão do processo e a retomada dos depoimentos de testemunhas de defesa no Conselho de Ética.
Liminar
Os ministros do STF, porém, frustraram as expectativas do deputado, mesmo com a concessão de uma liminar que determinava a retirada do relatório final do depoimento da testemunha de acusação Kátia Rabello, presidente do Banco Rural, e de todas as citações dela no parecer do relator do processo contra o deputado. A decisão do Supremo garantiu a manutenção da sessão destinada a votar o processo.
Até o último minuto, o advogado de Dirceu, José Luiz Silva, tentou saídas para adiar a votação. Depois da decisão do STF, pediu à Mesa Diretora da Câmara prazo para que o texto, sem o depoimento da testemunha de acusação, fosse impresso. No entanto, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), negou o pedido e garantiu a votação depois de três adiamentos consecutivos por conta de decisões jurídicas.
Queda
Dirceu foi o segundo deputado cassado depois do início da crise política. Em setembro, o plenário da Câmara aprovou, por 313 votos a 156, cassar o mandato de Roberto Jefferson, autor das primeiras denúncias sobre o suposto esquema do mensalão.
Jefferson foi também o responsável pelo início da derrocada de Dirceu. Depois de revelar a existência do suposto mensalão, Jefferson focou as acusações no então ministro José Dirceu.
E foi depois de um depoimento prestado por Jefferson em que pede para o ministro deixar o governo, Dirceu anunciou que estava deixando o Palácio do Planalto, onde centralizou decisões e discussões sobre os projetos mais importantes do governo, sendo substituído pela então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff.
Linchamento
No discurso para tentar salvar seu mandato, o ex-ministro disse a um plenário lotado e em completo silêncio que foi submetido a um processo de "linchamento público" nos últimos cinco meses e, procurando transmitir um tom de alerta, afirmou que os deputados estavam julgando a si próprios.
"Fui submetido a um processo de linchamento público, de prejulgamento. Mas eu tenho, como cidadão, o direito da presunção da inocência, e não da culpa", afirmou Dirceu.
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