O ex-presidente do PT José Genoino evitou dizer, em depoimento na CPI do Mensalão, que o ex-tesoureiro Delúbio Soares omitiu da direção do partido a dívida de R$ 55,8 milhões que constituiu com o empresário Marcos Valério. Genoino garantiu que nunca teve essa informação e repetiu que tomou conhecimento da dívida pela imprensa. Segundo o ex-presidente do PT, só o que foi informado ao partido foi a dívida de R$ 20 milhões declarada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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O relator da CPI, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), insistiu:

- Ele (Delúbio) deixou de dar conhecimento ao presidente do seu partido e ao diretório nacional a outra parte maior de dividas que havia assumido mas que não confessava perante o diretorio nacional? - indagou.

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- Apresentamos na nossa prestação de contas uma dívida de R$ 20 milhões ao TSE e a dívida de cada diretório estadual e das cidades em que o PT disputou eleição. Sobre a movimentação financeira não contabilizada, nunca foi discutido nem na executiva nem no diretório nacional - respondeu Genoino.

O relator concluiu:

- Delúbio Soares nunca apresentou ao PT essa conta de quase R$ 50 milhões.

Genoino confirmou:

- Isso nunca foi apresentado nem era de conhecimento do partido nem da instância executiva nem do diretório nacional.

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Genoino afirmou que Delúbio não era um simples funcionário do partido, negando uma afirmação do senador José Jorge (PFL-PE). O senador dissera ser inverossímil a tese de que o ex-tesoureiro movimentou recursos por caixa 2 sem o conhecimento da direção do partido.

- Delúbio não era um simples funcionário do partido. Era dirigente partidário, eleito pelo diretório nacional. Tinha competência de planejamento e arrecadação de recursos - disse.

Em resposta ao relator Ibrahim Abi-Ackel, o ex-presidente do PT disse ainda que Delúbio tinha autonomia para gerenciar as finanças do partido e encontrar soluções para as dívidas contraídas no período eleitoral.

- Pelo estatuto do PT, o presidente assina as contas e as movimentações financeiras, mas eu não decidia sobre quem emprestava (dinheiro ao partido) e quem eram os avalistas. Esses empréstimos foram feitos pelo tesoureiro. Ele tinha delegação da executiva do PT para buscar recursos no mercado financeiro para resolver os problemas de despesas contraídas pelo partido. Encontrar avalistas era de competência do tesoureiro - afirmou Genoino.

O ex-presidente do PT admitiu ter avalizado empréstimos que totalizavam R$ 5,4 milhões, feitos nos Bancos Rural e BMG, mas negou que soubesse dos outros empréstimos, próximos de R$ 55 milhões, que não foram contabilizados oficialmente no partido.

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- Desconheço qualquer movimentação financeira não contabilizada pelo secretário de finanças Delúbio Soares. Ele tinha a responsabilidade de planejar, arrecadar e pagar as despesas do partido - afirmou.

Genoino ressaltou que não houve uso de caixa 2 em sua campanha a governador de São Paulo, em 2002. Ele contradisse declaração de Delúbio, que afirmara em seu depoimento ter existido o caixa 2, mas se negou a afirmar que o ex-tesoureiro mentiu:

- Não vou fazer aqui qualquer juízo sobre o que possa ter dito o senhor Delúbio Soares. O que eu posso dizer é que isso (caixa 2) não aconteceu. Eu era candidato a governador, fizemos uma campanha modesta, com R$ 6 milhões. O Duda Mendonça fez a campanha e o pagamento dele está registrado na prestação de contas. Não houve caixa 2 na nossa campanha a governador.