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A nova rodada de audiências públicas da Comissão Estadual da Verdade, realizada na Câmara de Curitiba da segunda-feira até ontem, ouviu ex-presos políticos sobre a atuação dos movimentos sociais, sindicatos e partidos na tentativa de redemocratizar o país. Entre os depoimentos, o do jornalista e advogado Claudio Ribeiro, dirigente do PCdoB do Paraná, chamou a atenção por revelar um detalhe histórico do processo de redemocratização: José Richa, considerado um dos principais nomes do estado na campanha das Diretas Já, inicialmente era contra a realização do comício em Curitiba que deflagrou o movimento nacional, em janeiro de 1984.

Ribeiro, que foi um dos organizadores da passeata, contou que as reuniões dos militantes eram feitas na casa do hoje senador Roberto Requião e que o governador da época, José Richa, era contra a manifestação naquele momento. "Não havia autorização do Palácio para nos manifestarmos. O PMDB formou uma comissão para falar com o governador e só então fizemos a passeata", lembra ele. Cerca de 50 mil pessoas se concentraram na Boca Maldita.

Em reportagem da Gazeta do Povo publicada em janeiro de 2009, o senador Alvaro Dias já havia relatado que José Richa só apareceu no comício quando soube que uma multidão estava reunida no calçadão.

Dificuldade

Ivete Caribé da Rocha, integrante da comissão, disse que depoimentos como o de Ribeiro são importantes para elaborar o relatório final. "Temos muita dificuldade em acessar processos e documentos da 5.ª Região [Militar] que foram submetidos ao STM [Superior Tribunal Militar], mas cada um que vem depor traz a sua própria pasta de documentos, dos quais ficamos com cópias. Isso nos ajuda a montar o nosso próprio arquivo e acelera o processo enquanto esses documentos não são liberados", disse ela.

Segundo Ivete, o avanço do trabalho depende ainda de outras comissões estaduais, porque os processos e as documentações estão dispersos por vários estados. "Tivemos presos do Paraná que foram parar em São Paulo, ou em Minas, e todos os processos de presos catarinenses eram julgados aqui."

A rodada de audiências em Curitiba foi a terceira no estado, depois das realizadas em Foz do Iguaçu e Apucarana. De acordo com Ivete, Maringá e Londrina serão as próximas cidades visitadas.

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