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Rio de Janeiro (AE) – Seis dias depois de confessar ter participado do ataque ao ônibus da linha 350 (Passeio-Irajá), no Rio, a adolescente L., de 13 anos, mudou seu depoimento. Ouvida ontem pela juíza Renata Rangel, da Vara da Infância e Juventude, ela afirmou estar arrependida da participação no crime. Segundo ela, o acordo do bando era que o veículo seria incendiado e as pessoas sairiam ilesas. A jovem poderá ser punida com internamento de até três anos. No ataque, dia 29 de novembro, cinco pessoas morreram e 12 ficaram feridas.

"Ela disse que se soubesse que os bandidos iriam matar os passageiros não teria participado", afirmou a juíza, convencida do arrependimento de L.. Durante a audiência de apresentação ao juízo (que corresponde ao interrogatório no caso de criminosos maiores de idade), de duas horas de duração, a garota não demonstrou frieza, como em seu relato à polícia, no último fim de semana. Ao contrário, mostrou-se triste pelo fato de haver um bebê entre os cinco mortos. Por vezes, ficou com a voz embargada.

L. está internada no Educandário Santos Dumont para meninas infratoras. A juíza decidiu transferi-la, para lugar não divulgado, pois ela está sofrendo ameaças de outras internas. L. teme sofrer retaliação de Paulo Rogério do Souza Paes, o Mica, que jurou de morte todos os integrantes do bando que atacou o ônibus, e de Anderson Gonçalves dos Santos, o Lorde que orquestrou o atentado e estaria descontente com o fato de a menor ter revelado como seu plano foi armado.

Ontem a adolescente voltou a contar que participou da reunião, no dia do crime, em que Lorde deu as ordens para atear fogo ao ônibus e para não deixar ninguém sair. Nesse momento, afirmou L. ontem, pensou que o bandido estava brincando – versão que pareceu convincente para a juíza, mas não para o promotor Felipe Cuesta, que acompanhou o interrogatório. "Não acredito que ela não soubesse. Para mim, ela estava ciente de que o desfecho seria aquele", disse Cuesta.

Sua participação na operação foi fazer sinal para o coletivo parar, junto com a traficante conhecida como Brena, namorada de Lorde. Depois, L. assistiu os demais bandidos jogando gasolina, ateando fogo e impedindo a saída das vítimas. Segundo L., quando percebeu que as pessoas seriam queimadas, ela se deu conta da gravidade do ato. Até pensou em tentar salvá-las mas não o fez por medo, pois um dos traficantes estava armado.

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