As entidades de classe representantes do Poder Judiciário e do Ministério Público Estadual (MP) receberam como uma declaração de enfrentamento as emendas propostas na Assembleia Legislativa ao texto da Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2011, retirando recursos das duas instituições. Apresentadas pela futura base aliada do governo Beto Richa (PSDB), as emendas aumentariam para R$ 4 bilhões a margem de manobra para o tucano investir sem a necessidade de aprovação ao Legislativo.
Uma das emendas à LOA, apresentada pelo deputado Duílio Genari (PP), prevê a retirada do Fundo de Participação dos Estados (FPE) da base de cálculo do porcentual de repasse ao Judiciário e ao MP, que é fixado em cima da receita líquida corrente do estado em 9% e 3,9%, respectivamente. Se aprovada, a alteração representará um corte de cerca de R$ 250 milhões na transferência às duas instituições R$ 190 milhões do Judiciário e R$ 60 milhões do MP.
Para o presidente da Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar), Gil Guerra, a proposta é inconstitucional e estabelece um clima de animosidade nas relações entre os poderes. "É uma manobra ilegal que estabelece uma linha de confronto entre o Judiciário e o novo governo", afirmou.
Já o presidente da Associação Paranaense do Ministério Público, Wanderlei Carvalho da Silva, afirmou que a alteração da regra atual compromete o funcionamento da Justiça no estado. "Comparado aos órgãos de outros estados do Brasil, o MP do Paraná já é o primo pobre. Esses recursos são fundamentais para nosso planejamento", defendeu.
Magistrados e promotores concordam que a ilegalidade da proposta, pelo fato de as emendas terem sido apresentadas fora do prazo determinado pela Lei de Responsabilidade Fiscal para alterações à Lei Orçamentária. "É uma manobra flagrantemente inconstitucional, que inviabiliza o nosso planejamento que já foi feito em cima dos números da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). A LOA não pode alterar o que já foi definido" disse Guerra. As duas entidades prometem acionar o governo na Justiça caso a proposta seja aprovada.
Uma outra emenda proposta por Duílio Genari autoriza o Executivo a utilizar o excedente de arrecadação estimado em R$ 2 bilhões para o ano que vem como quiser, sem a necessidade de respeitar a correção trimestral prevista hoje para o orçamento, conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Com essas mudanças, Richa teria R$ 2,25 bilhões a mais para gastar livremente, além do R$ 1,75 bilhão que já estava previsto.
Diante da polêmica, o relator da LOA e presidente da Comissão de Orçamento, o deputado Nereu Moura (PMDB), prometeu marcar uma reunião entre MP, Judiciário e membros do futuro governo para tentar um entendimento.
Colaborou Euclides Lucas Garcia.
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