Juiz afirma na polícia que desembargador beneficiou máfia dos caça-níqueis

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O juiz Ernesto Pinto Dória, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) em Campinas, forneceu à Polícia Federal detalhes sobre o funcionamento do esquema de exploração do jogo ilegal. O "Jornal Nacional" teve acesso exclusivo aos documentos.

No mesmo dia em que foi preso, 13 de abril, Dória prestou depoimento no qual apontou o desembargador José Eduardo Carreira Alvim e os advogados Jaime Garcia Dias e Silvério Nery Cabral Júnior, genro de Alvim, como integrantes do esquema. Os dois magistrados aguardam o andamento do inquérito em liberdade.

De acordo com as investigações, Silvério Júnior intermediava a venda de sentenças entre os donos das casas de bingo e seu sogro.

Segundo Dória, o desembargador é "um refém nas mãos" dos dois advogados. O juiz contou que Jaime foi nomeado relações-públicas da Associação de Bingos do Estado do Rio de Janeiro (Aberj) para conseguir liminares que permitissem a exploração do jogo.

O juiz relatou que Jaime Garcia Dias levou o empresário de jogos Licínio Soares Bastos para a casa de Carreira Alvim. Bastos, definido por Dória como "o grande mafioso dos bingos", também foi preso na operação. Ele é sócio do Bingo Icaraí, em Niterói.

De acordo com Dória, há um ano e meio, Carreira Alvim começou a beneficiar as empresas de Licínio Bastos em decisões dadas por ele em processos. Em troca, segundo Dória, o desembargador teria recebido "mordomias" do relações-públicas, como jantares, viagens e camarotes no carnaval.

O juiz confirmou que recebeu dinheiro de Jaime Garcia Dias, mas disse que as quantias eram empréstimos. Ele afirmou que tentou quitar uma dívida de R$ 2,5 mil, mas o advogado teria rasgado o cheque. Dória também disse que costuma pedir dinheiro emprestado ao contraventor Antônio Petrus Kalil, conhecido como Turcão. Outro lado

Nesta quinta-feira (3), o genro de Carreira Alvim, o advogado Silvério Júnior, foi à Justiça Federal no Rio para prestar depoimento, mas se recusou a falar. Em depoimento anterior, Licínio Bastos negou as acusações. Na Justiça, Jaime Garcia ficou em silêncio. O advogado de Carreira Alvim informou que ele só apresentará defesa prévia à Justiça.