O juiz da 1ª Vara Federal do Mato Grosso Julier Sebastião da Silva presta depoimento nesta quinta-feira na CPI dos Bingos. Durante seu depoimento, o magistrado apontou possíveis relações entre o bicheiro João Arcanjo Ribeiro, mais conhecido como comendador Arcanjo, e o empresário Ronan Maria Pinto, acusado de envolvimento no suposto esquema de corrupção que teria levado à morte do prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel.
De acordo com o juiz de Mato Grosso, Ronan e Arcanjo eram sócios de empresas de transporte urbano em Cuiabá, Santo André e Fortaleza.
- O que liga os dois é a movimentação de dinheiro, os documentos da empresa que foram apreendidos em poder do comendador e os R$ 45 milhões de movimentação financeira feitas para a conta de Ronan no Uruguai - disse Julier Sebastião.
Segundo ele, a conta de Ronan no exterior foi aberta pelo mesmo advogado que trabalhou para Arcanjo no Uruguai. A quadrilha liderada pelo comendador atuava em Mato Grosso, São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e até no exterior.
- Era uma máfia que controlava o jogo do bicho, cassinos e lavagem de dinheiro. Controlava o mundo político, o mundo da criminalidade, das finanças e o empresarial - revelou o juiz.
Pelos cálculos dele, entre 1995 e 2003, a Assembléia Legislativa do Mato Grosso depositou R$ 80,7 milhões nas empresas de Arcanjo, o departamento de Aviação e Obras do estado colocou outros R$ 8,3 milhões e, a prefeitura de João Pessoa, mais R$ 5 milhões. A Justiça suspeita que o dinheiro entrava nas empresas do comendador e depois era distribuído para as campanhas políticas de candidatos do estado.
O magistrado declarou ainda que houve caixa dois na campanha eleitoral de 2002 para candidatos do PSDB, incluindo o senador Antero Paes de Barros (MT). Segundo o juiz, Antero era, na época, candidato do PSDB ao governo do estado e parte do dinheiro utilizado em sua campanha veio das empresas de factoring de propriedade de João Arcanjo.
O senador Antero Paes de Barros disse que o juiz é "mentiroso" e informou que está movendo dois processos contra ele, um deles por danos morais. O senador garantiu que o juiz está depondo como uma espécie de "instrumento petista instalado dentro do Poder Judiciário". Julier da Silva já foi filiado ao PT. Antero também classificou as afirmações do juiz de "calúnias", negando qualquer ligação com o crime organizado.
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