SÃO PAULO - O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal do Paraná, determinou nesta quinta-feira a soltura de Marice Correa de Lima, cunhada do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Ela saiu da prisão agora à tarde. A bancária estava presa desde sexta-feira passada, na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. O juiz baseou sua decisão na confusão feita pelo Ministério Público Federal (MPF) na identificação da pessoa que aparece num vídeo fazendo depósitos na conta de Giselda Rousie de Lima, mulher de Vaccari.
O MPF argumentava que quem depositava, nas imagens gravadas num caixa eletrônico do banco Itaú, era Marice. A imagem serviu para o pedido de prorrogação da prisão de Marice, agora contestada por sua defesa. Os advogados de Marice protocolaram uma carta em que Giselda Rousie de Lima, mulher de Vaccari, diz que era ela quem estava fazendo os depósitos. O depósito, feito em março deste ano, porém, é um dos que está sob suspeita do MPF.
A dúvida sobre quem estava no banco pôs em xeque o principal argumento usado pelos procuradores para pedir a transformação da prisão temporária de Marice em preventiva. Os procuradores afirmaram que a cunhada de Vaccari era quem estava fazendo depósitos referentes a uma “mesada de fonte ilícita” na conta da irmã, Giselda. Já a defesa de Marice pediu que não fosse decretada a preventiva e fosse revogada a temporária, que ainda iria até domingo.
Assim, o juiz solicitou à Polícia Federal que verificasse quem de fato aparecia no video, se Marice ou Giselda. O MPF insistia em manter Marice presa por acreditar que o laudo da PF poderia demorar e que, independente de quem aparece no video, há provas do seu envolvimento criminoso para justificar sua prisão preventiva.
“Neste momento processual, porém, este juízo não tem mais certeza da correção da premissa utilizada de que ela seria responsável pelos referidos depósitos, em vista da semelhança física entre Marice e Giselda, e da admissão por Giselda de que seria ela a responsável pelos depósitos”, diz Moro, completando:
“Também não há mais certeza de que Marice teria então faltado com a verdade em seu depoimento no inquérito quanto a não ser a responsável pelos depósitos”.
O juiz diz que há provas decorrentes de interceptações telemáticas e indícios de enriquecimento ilítico de Marice, mas que isso será objeto de formulação da acusação, durante o julgamento.
“O que se discute propriamente no momento é se é ou não justificável a continuidade da prisão cautelar. A posição deste juízo tem sido no sentido de evitar a prodigalização da prisão preventiva, reservando a medida mais drástica, a bem da liberdade e da presunção de inocência, aos principais responsáveis pelos esquemas criminosos. Assim, os subordinados de Alberto Youssef foram paulatinamente colocados em liberdade, mantendo-se a prisão cautelar do chefe. Nos processos contra os dirigentes das empreiteiras, em regra manteve-se apenas as prisões dos dirigentes e dos mais diretamente envolvidos. E mais recentemente, no processo relacionado ao ex-deputado André Vargas, mantive-o preso, assim como fiz com os subordinados dos ex-deputados João Luiz Argolo e Pedro Correa”, diz o juiz em seu despacho em que colocou Marice em liberdade.
Nessa perspectiva, o juiz entendeu que deve manter preso João Vaccari Neto e deixar Marice em liberdade, por entender que o ex-tesoureiro do PT “tem maior responsabilidade” no esquema de corrupção na Petrobras.
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