O julgamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) não deve nem ter forças para ser apreciado e julgado pelo plenário da Casa. Essa é a previsão do deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR). “Pela leitura que faço do processo, Cunha vai conseguir arrastar o processo no Conselho de Ética até o fim do ano, quando acaba seu mandato [como presidente da Casa]”, afirma.
Serraglio nega que tenha defendido a anistia ao atual presidente da Câmara, como informou o site Congresso em Foco. “Eduardo Cunha exerceu um papel fundamental para aprovarmos o impeachment da presidente. Merece ser anistiado”, teria dito o deputado, de acordo com o meio de comunicação. “Nunca falei isso. O que eu disse é que se Cunha conseguiu arrastar o processo do Conselho de Ética até agora, ele deve ter a maioria lá e conseguirá arrastar o trâmite até o fim do ano. É uma leitura pragmática. Anistia é impensável”, relatou Serraglio à Gazeta do Povo.
A hora de Cunha vai chegar, diz vice-presidente do Conselho de Ética
O vice-presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, Sandro Alex (PSD-PR) afirma que se depender dele o processo contra Eduardo Cunha não irá parar no conselho. “Se depender do meu voto e do relatório que aponta que há provas evidentes de quebra de decoro parlamentar, Cunha será julgado pelo plenário da Casa”, afirma.
No entanto, o parlamentar não descarta que Cunha articule votos para salvar seu mandato. “Mas acredito que a hora dele chegará. Há esse processo e e ainda processos no Supremo Tribunal Federal (STF). Pode demorar, mas a hora dele vai chegar”, ressalta Alex.
Em março, o STF acolheu denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Cunha por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O deputado federal Dilceu Sperafico (PP), que segundo o mesmo portal, teria defendido que seria necessário “salvar” Cunha, desmente as informações. “Vamos esperar o Conselho de Ética e se o caso chegar para a gente vou votar pela cassação se tiver provas que levem a isso”, diz.
O caso
Cunha responde a processo no Conselho de Ética da Casa por ter mentido à CPI da Petrobras em março de 2015, quando afirmou que não tinha contas em paraísos fiscais. Na semana passada, o deputado Fausto Pinato (PP-SP), primeiro relator do processo de cassação de Eduardo Cunha, renunciou à sua vaga no Conselho e foi substituído por Tia Eron (PRB-BA). Com a decisão, o presidente da Câmara deve passar a ter maioria no colegiado, já que ela, integrante da bancada evangélica, deve votar a favor de Cunha.
Após várias manobras para adiar seu julgamento, Cunha não deve ser cassado. O máximo que deve ocorrer é ele deixar a Presidência da Câmara, mas manter o mandato e o foro privilegiado. O processo contra Cunha, aberto em novembro de 2015, é marcado por vários recursos da defesa e adiamentos e é considerado o mais longo processo de cassação da história do Legislativo.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Deixe sua opinião