O juiz Alberto Anderson Filho, do 1º Tribunal do Júri, prevê que o julgamento de Suzane von Richthofen e dos irmãos Cravinhos dure três dias. Porém, ele adianta que poderá haver cisão, ou seja, o júri de um réu ser feito antes do de outro, por questão funcional.
- Isso ocorre com freqüência, porém, para mim, já que está tudo pronto, o melhor é fazer de uma só vez - diz.
Nesse caso, o segundo julgamento seria realizado em cerca de 40 dias. A defesa de Suzane já está pleiteando o adiamento do julgamento. Seus advogados não querem que ela divida o banco dos réus com os Cravinhos.
Os três acusados pela morte de Marísia e Manfred Von Richthofen, em 31 de outubro de 2002, serão levados a júri popular na próxima segunda-feira, dia 5. A decisão de quem será julgado primeiro, no entanto, será tomada no próprio dia 5 pelo promotor Roberto Tardelli, responsável pela acusação.
De acordo com as normas processuais, os irmãos Cravinhos serão julgados primeiro porque são executores do crime, aparecem em primeiro lugar na denúncia apresentada pelo Ministério Público e estão presos. Nesta quarta-feira, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) não estendeu aos irmãos o benefício de prisão domiciliar que concedeu à Suzane e pediu mais informações à Justiça paulista.
A julgamento desmembrado é praticamente inevitável porque as teses das duas defesas - dos Cravinhos e de Suzane - são conflitantes. Suzane diz que não foi ela quem planejou o crime, que foi induzida a participar da morte dos pais por amor a Daniel, seu namorado na época. Os Cravinhos dizem o contrário. Afirmam que foi Suzane quem deu idéia de eliminar os pais para se livrarem do controle paterno e usufruirem juntos da herança. O desmembramento deve ocorrer mesmo que as defesas consigam um adiamento do júri.
Segundo especialistas, os advogados de Suzane prefeririam que ela fosse julgada primeiro. Acreditam que isso aumentaria as chances de absolvição, baseada na alegação que ela teria sido coagida para cometer o crime. Se for julgada depois de Cristian e Daniel, pode pesar contra ela, a condenação deles e o argumento dos irmãos de que Suzane arquitetou o crime.
O advogado Geraldo Jabur, que defende Cristian e Daniel, não quer a separação dos julgamentos. Ele não explica o por quê, mas com os três réus juntos certamente fica mais fácil para ele apontar diferenças no tratamento dado aos acusados pela Justiça. Ele também deverá pedir o adiamento do júri.
Suzane conseguiu hábeas-corpus do Supremo Tribunal Federal para aguardar o julgamento em liberdade em meados do ano passado. O benefício só foi estendido aos irmãos depois de cinco meses. Eles voltaram para a prisão 40 dias depois, após concederem entrevista para uma rádio paulista revelando novos detalhes do crime. Suzane foi presa novamente em abril deste ano, também depois de uma entrevista em que aparece sendo orientada pelos advogados a chorar. Nesta segunda-feira, ela foi novamente beneficiada pela Justiça com a prisão domiciliar. Os irmãos Cravinhos continuam presos.
Suzane, ré confessa do assassinato dos pais, terá cinco advogados a seu lado durante o júri: Mário de Oliveira Filho, Mário Sergio de Oliveira, Denivaldo Barni, Denivaldo Barni Júnior e Mauro Otávio Nassif, que comandará a equipe de defesa no plenário. Nassif tem larga experiência em júri.
- É importante frisar que, para fazer um julgamento, envolve muito material humano e os custos disso para o estado são grandes - lembra o juiz Anderson.
Segundo ele, o júri é importante e, além disso, mais cedo ou mais tarde terá de acontecer de qualquer jeito.
- Por isso não adianta protelar - assinala.
O esquema de segurança será reforçado, não em função dos réus, pois, segundo o juiz, eles nunca deram trabalho, mas em razão da mobilização do público. No plenário, pelo menos três policiais deverão escoltar os réus. O uso de algemas ainda não está decidido pelo juiz. Suzane será levada ao Fórum da Barra Funda em carro da polícia, mas poderá dormir na casa do tutor.
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