O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu nesta quinta-feira (17), com o placar de 5 votos a 5, o julgamento em que a Corte vai definir se aceita denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o senador Valdir Raupp (PMDB-RO). Ele foi denunciado pela suposta prática de crime contra o sistema financeiro nacional.

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A denúncia, que se refere à época em que Raupp era governador de Rondônia (1995-1999), voltará a ser analisada em plenário nesta sexta-feira (18), quando o ministro Celso de Mello deve dar o voto de desempate. Se ele aceitar a denúncia, o senador do PMDB passará à condição de réu em ação penal a ser aberta pelo STF.

De acordo com a denúncia do MPF, Valdir Raupp teria aplicado de forma irregular parte de recurso obtido por meio de um empréstimo do Banco Mundial (Bird). Ele nega a acusação.

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O MPF alega que o empréstimo de US$ 167 milhões seria destinado à execução de projetos de gerenciamento de recursos naturais no estado, mas, segundo a denúncia, o então governador teria permitido a transferência de parte do dinheiro para o Tesouro Estadual e para a Secretaria de Fazenda, com o objetivo de pagar despesas de outra natureza contraídas pelo governo.

"É indiscutível, e os denunciados não negam, a aplicação dos recursos em finalidade diversa daquela explicitada pelo convênio firmado pelo hoje senador Valdir Raupp", destacou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, no julgamento iniciado em 2007, quando ele ainda exercia a função de vice-procurador.

Em entrevista ao G1 em julho de 2007, Valdir Raupp disse que parte do dinheiro do convênio foi usado como empréstimo para quitar a folha de pagamento dos servidores públicos do estado. Ele garante que o valor foi devolvido e que o convênio não foi prejudicado.

Julgamento

O julgamento foi iniciado em abril de 2007, quando Mendes pediu vista do processo, alegando precisar de mais tempo para analisar o caso. Na época, a sessão foi suspensa com o placar de seis votos a zero a favor da abertura da ação penal. No entanto, nesta tarde alguns ministros alteraram seus votos proferidos há mais de dois anos.

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Além do relator do caso, Joaquim Barbosa, os ministros Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Carlos Ayres Britto e Cezar Peluso haviam votado pelo recebimento da denúncia, em 2007.

Na volta do julgamento, em abril de 2009, Gilmar Mendes se posicionou contra a abertura da ação penal. Para ele, não há clareza na denúncia encaminhada pelo MPF. "A relação de causa e efeito entre a conduta do paciente e o desvio de recursos não está nada clara. Não há qualquer prática de crime pelo mesmo [Raupp]", disse em fevereiro, quando votou antes de o julgamento ser interrompido por um pedido de vista.

Depois do voto de Mendes, porém, o ministro Carlos Alberto Menezes Direito pediu vista do processo, paralisando mais uma vez o julgamento. No entanto, após a morte de Direito, no começo de setembro, o caso passou para o ministro José Antonio Dias Toffoli, que o substituiu no Supremo.

Nesta tarde, o julgamento foi retomado com o voto de Toffoli, que rejeitou a denúncia do MPF contra o senador. Na sequência, Ricardo Lewandowski e Cezar Peluso pediram para reconsiderar seus votos iniciais. Ambos justificaram que houve de fato o desvio de finalidade dos recursos , mas que tal fato não justificaria a ação penal.

Ellen Gracie votou contra a aceitação da denúncia e Marco Aurélio Mello pela abertura de ação penal contra Valdir Raupp. Os votos levaram a análise a um empate de cinco votos a cinco, já que o ministro Celso de Mello não compareceu à sessão desta quinta-feira. Assim, o STF marcou para esta sexta (18) a conclusão do julgamento.

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