Saiu nesta sexta-feira a sentença de Antonio Marcos Pimenta Neves, réu confesso do assassinato da ex-namorada, Sandra Gomide, em agosto de 2000.O julgamento durou três dias.Na madrugada desta sexta-feira, o juiz Diego Nunes Ferreira suspendeu a sessão, pois os jurados alegaram cansaço depois de 16 horas de trabalho. Oitotestemunhas foram ouvidas e promotores e advogados de defesa debateram por mais de cinco horas.

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A estratégia da defesa foi mostrar uma imagem negativa de Sandra, a de uma mulher 'aproveitadora'. Os advogados tentaram ainda buscar atenuantes para Pimenta, que responde por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe, sem possibilidade de defesa da vítima.

O objetivo dos advogados de acusação foi mostrar para os jurados que Pimenta Neves foi frio, calculista e premeditou o assassinato da ex-namorada.

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O psiquiatra Marcos Pacheco de Toledo, da Unifesp, que cuidou de Pimenta 40 dias após o crime, disse ao juiz que o crime não foi premeditado, mas facilitado pela presença de uma arma.

- Minha sensação é que houve o encontro entre a perda de controle e o porte de arma.

O dono do haras onde Sandra foi assassinada, Delmar Setti, testemunha de acusação, tem certeza de que o crime foi premeditado.

- Ele me enrolou o tempo todo para esperar a Sandra chegar e matá-la. Eu não tenho vergonha nem medo de dizer isso. Assim que ela chegou, ele tentou arrastá-la para o carro. Sandra correu, ele atirou pelas costas e caiu. Pimenta Neves se aproximou e atirou mais uma vez, desta vez na cabeça - disse a testemunha.

Marlei Setti, mulher do dono do haras, disse que Sandra Gomide contou a ela que estava sendo ameaçada de morte por Pimenta Neves e apareceu com manchas e arranhões no pescoço três meses antes do assassinato.

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- Sandra temia que ele a matasse - disse Marlei.

O pai de Sandra, João Gomide, também testemunha de acusação, disse que Pimenta Neves andava armado com um revólver calibre 38, o mesmo que teria sido usado para matar Sandra. O jornalista foi descrito por ele como um homem arrogante, prepotente e que queria se mostrar poderoso, pois citava com freqüência que era amigo de ministros e secretários de Estado.

- Ele queria muito mandar nela, ser o proprietário dela - afirmou Gomide ao juiz.

Gomide contou que, depois do fim do namoro, Pimenta Neves passou a perseguir Sandra, ameaçando e difamando a jornalista para evitar que ela arrumasse emprego em outros lugares. Pimenta Neves era diretor do jornal 'O Estado de S.Paulo' e Sandra, editora de Economia. Depois do rompimento, ela deixou a empresa.

Durante boa parte do depoimento do pai de Sandra, Pimenta Neves ficou com a cabeça baixa e com a mão no rosto. Mudou também de posição na bancada, para evitar ficar lado a lado com o pai da ex-namorada. No lugar de sentar em uma das pontas, ficou no meio de seus dois advogados.

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Caberá ao juiz Diego Nunes Ferreira, da 1ª Vara Criminal de Ibiúna, decidir se Pimenta Neves sairá preso ou não do Fórum caso seja condenado. Na véspera do início do julgamento, que já dura três dias, a defesa tentou obter no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo um hábeas-corpus preventivo. Os advogados queriam que, mesmo se condenado, o jornalista continuasse em liberdade até que todos os recursos sejam julgados. O TJ negou o pedido.

Se Pimenta for condenado, a defesa deve entrar com recurso para tentar anular o julgamento. Apenas na primeira manhã da sessão de julgamento a defesa apresentou seis pedidos de cancelamento do Tribunal de Júri.