O deputado distrital Junior Brunelli (PSC), protagonista do que ficou conhecido como "oração da propina" renunciou nesta terça-feira (2) ao mandato. Havia contra ele um processo por quebra de decoro parlamentar. Como não foi notificado, Brunelli não perde os direitos políticos com a saída da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Ele é suspeito de participar do suposto esquema de propina que ficou conhecido como mensalão do DEM de Brasília. Outro suposto envolvido Leonardo Prudente (sem partido, ex-DEM), chamado de "deputado da meia" entregou a carta de renúncia na sexta (26) e teve o ato oficializado nesta terça. Outra suposta participante do esquema, a deputada Eurides Brito (PMDB), já disse que não renuncia.
A carta de Brunelli estava pronta desde sexta e foi entregue e lida na sessão plenária desta terça. O documento foi lido pela deputada Jaqueline Roriz (PMN). Brunelli aparece em dois vídeos gravados pelo ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal Durval Barbosa, que delatou à Polícia Federal o suposto esquema de corrupçãp no DF. O primeiro vídeo é o mais famoso, no qual Brunelli (de camisa roxa) aparece rezando com Durval (de camisa vermelha) e Prudente (de camisa branca). Em outro vídeo gravado por Barbosa, Brunelli recebe um maço de dinheiro.
A carta
Na carta, com erros de português, Brunelli diz que foi vítima de uma "conspiração política" e que os vídeos são "apócrifos, manipulados e sem origem". Ele afirma que oração foi para uma pessoa que "vivia grandes conflitos emocionais." "O que eu fiz, na companhia de um colega parlamentar [Prudente], foi uma oração que desse ao personagem o reconforto espiritual, o equilíbrio emocional."
Brunelli diz que o dinheiro que recebe em um dos vídeos "era destinado a um evento de campanha. Isso tão somente. Nada mais." Ele diz que essa é "uma prática comum dos partidos políticos brasileiros." Segundo Brunelli, esse vídeo foi gravado em 2006; o da oração, em setembro de 2009.
Ele termina a carta dizendo que renuncia para "não ser submetido ao julgamento político previamente decidido" e que vai "provar na Justiça" sua inocência. Brunelli ainda pede perdão e diz que perdoa aqueles que o "crucificaram."
Mensalão do DEM
O escândalo do mensalão do DEM de Brasília começou no dia 27 de novembro, quando a Polícia Federal deflagrou a operação Caixa de Pandora. No inquérito, o governador afastado, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), é apontado como o comandante de um esquema de distribuição de propina a deputados distritais e aliados.
Arruda está preso na Superintendência da Polícia Federal desde o dia 11 de fevereiro por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ), acusado de tentar subornar uma testemunha do caso. O vice-governador, Paulo Octávio, que assumiu o cargo interinamente, renunciou na tarde de terça-feira (23). Com a renúncia, o cargo de governador interino do Distrito Federal foi assumido pelo presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima (PR).
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