A Justiça Federal determinou o bloqueio das contas bancárias e dos bens do prefeito de Cascavel, Edgar Bueno (PDT), do vice-prefeito, Maurício Theodoro (PSDB), e de outros três servidores do município. Os cinco respondem a uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF) por improbidade administrativa. A procuradoria entendeu que os gestores causaram dano ao erário ao retirarem sem autorização 2,2 mil metros cúbicos de brita da rodovia BR-163, no trecho desativado após a inauguração do Contorno Oeste. As pedras foram removidas e usadas na ampliação da pista do aeroporto local.
Em primeira instância, a Justiça negou o bloqueio dos bens, mas o MPF recorreu e o desembargador federal Luis Alberto DAzevedo Aurvalle aceitou os argumentos da procuradoria. Para o MPF, a retirada do material causou danos de R$ 870 mil ao erário. Na época em que as pedras foram extraídas da rodovia, o prefeito chegou a dizer que havia uma autorização do Departamento Estadual de Rodagem (DER), o que foi negado posteriormente pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), órgão responsável pela rodovia.
A polêmica retirada de pedras também foi alvo de investigação da Polícia Federal (PF) e de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Legislativo, além de uma sindicância interna na própria prefeitura. Chamada de CPI das Pedras, a investigação na Câmara Municipal de Cascavel foi polêmica e dividiu os três vereadores que integravam a comissão.
O relator Paulo Porto (PCdoB), da oposição, emitiu um parecer sugerindo indícios de improbidade administrativa, crime funcional e crime de responsabilidade. O relatório, no entanto, foi rejeitado pelo presidente da CPI, Claudio Gaiteiro (PSL), e Paulo Bebber (PR), ambos da base de apoio ao prefeito. Ao final, o vereador Bebber apresentou um relatório paralelo inocentando o prefeito e o vice e o inquérito acabou arquivado.
Outro lado
Por meio de nota, o prefeito Edgar Bueno disse que ficou surpreso com a decisão judicial uma vez que não teria sido notificado sobre a existência do processo. Ele afirmou que está convicto de que a própria Justiça irá reavaliar o caso e liberar seus bens. Ainda de acordo com Bueno, na época em que os fatos ocorreram ele estava no exterior. O prefeito destacou ainda que nunca emitiu qualquer documento autorizando a retirada das pedras. "As declarações posteriores trataram apenas de dizer que o prefeito Edgar Bueno não vê qualquer ilegalidade no fato de transformar algo abandonado em benefício para a população", diz a nota.
A reportagem não conseguiu contato com os demais envolvidos.
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