A juíza Vilma Araújo Vaz da Silva, do Tribunal Regional do Trabalho, 2ª Região, decidiu que a greve dos metroviários é abusiva, por não ter sido respeitada a determinação de se manter 85% da frota do Metrô nos horários de maior movimento e de 60% nos demais horários.
O procurador do trabalho Sidnei Alves Teixeira pediu que fosse aplicada multa diária de R$ 100 mil tanto para o Sindicato dos Metroviários quanto para o Metrô de São Paulo por cada dia de greve caso essa determinação não fosse seguida. A multa seria aplicada aos dois órgãos porque ambos são responsáveis pela manutenção do serviço.
A juíza deverá decidir ainda nesta tarde se a multa será aplicada e se os funcionários terão os dias descontados.
Nesta sexta-feira (3), segundo dia de paralisação dos metroviários, a Linha 3-Vermelha, que transporta todos os dias cerca de um milhão de passageiros, está parada. O mesmo acontece com a Linha 5-Lilás, que transporta 60 mil pessoas diariamente.
Circulam apenas 60% da frota em toda a extensão da Linha 1-Azul e no trecho entre as estações Ana Rosa e Clínicas da Linha 2-Verde.
Novos empregados
O governo do estado de São Paulo pretende contratar cem funcionários para que o Metrô possa operar em dias de greve, de acordo com o secretário de Transportes Metropolitanos, José Luís Portella.
Segundo Portella, a intenção é que 40 dos novos contratados formem um "banco de reserva" e sejam acionados em casos de emergência. Os outros 60 serão registrados como "supervisores" - o que não os caracteriza como metroviários, mas como ocupantes de cargos de confiança, explica o secretário. Sendo assim, eles não são sindicalizados como metroviários.
A previsão do secretário é que o concurso e a contratação dos novos empregados ocorra em quatro meses. "Com cem novos funcionários, eu opero a Linha Leste-Oeste (Linha 1-Vermelha) em dias de greve", afirmou Portella, em entrevista ao Bom Dia São Paulo.
O secretário disse também que o plano do governo a longo prazo é possuir sistema "driverless", que permitem o funcionamento dos trens sem operador.
Impasse
O secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo, José Luís Portella, afirmou nesta sexta que só aceitaria negociar a principal reivindicação dos metroviários se eles restabelecessem 85% dos serviços, conforme decisão da Justiça do Trabalho.
Portella e o presidente do Sindicato do Metroviários, Flávio Godoy, tiveram uma discussão ao vivo na edição desta manhã do Bom Dia Brasil.
Os empregados exigem negociar a questão da proporcionalidade na concessão do Plano de Participação nos Lucros e Resultado (PLR). Godoy quer que todas as categorias de metroviários recebam o mesmo índice da proporcionalidade do PLR, sem levar em conta o índice de produtividade.
"Nós fizemos nesta madrugada (de sexta) três propostas para a Companhia do Metrô e para a Secretaria de Transportes Metropolitanos. Nenhuma foi aceita, porque continua o impasse na discussão do pagamento da distribuição da participação proporcional aos salários. Somos contra a proporcionalidade", afirmou o sindicalista.
Portella afirma que a proporcionalidade é oferecida dependendo da produtividade de cada setor, mas diz que só aceita discutir se a determinação judicial for cumprida. "Aceito negociar proporcionalidade desde que eles cumpram o que a juíza determinou e restabeleçam 85% da frota na Linha 1 (Azul), na Linha 2 (Verde), na Linha 3 (Vermelha) e na Linha 5 (Lilás). Eles cumprindo a determinação judicial, passando a respeitar a lei, eu aceito negociar a proporcionalidade."
Godoy disse que não é possível cumprir a exigência do secretário ainda nesta sexta (3). "Hoje eu não tenho e não posso me comprometer a colocar 85% porque eu não tenho numero de funcionário suficiente pra colocar. O meu compromisso é de antecipar a assembléia."
Tudo lotado
Pela segunda manhã consecutiva, os paulistanos enfrentaram estações de trens e estresse para conseguir transporte em ônibus e vans lotados e táxis ocupados, especialmente nos horários de rush.
Vários órgãos que operam no sistema de transportes da capital montaram esquemas especiais para tentar garantir o vai-e-vem das pessoas, principalmente na véspera do fim de semana.
Normalmente, a sexta-feira já tem tráfego pesado em São Paulo e trânsito lento por todos os cantos da cidade, com ou sem greve no Metrô. A Radial Leste, que registrou o pior ponto de congestionamento da cidade na manhã de quinta (2), vive nesta sexta (3) a mesma situação desde o início do dia.
Rodízio
Como ocorreu na quinta-feira (2), o rodízio municipal de veículos foi suspenso nesta sexta. Os carros com placas com finais 9 e 0 puderam circular de manhã - entre 7h e 10h - e estarão liberados novamente das 17h às 20h.
Trens da CPTM
Por segurança, a Estação Corinthians-Itaquera permanece fechada enquanto durar a greve. A razão se dá pelo fato de os trens do Expresso Leste, que atendem a estação, já chegarem com um grande número de passageiros provenientes de Guaianazes e Tatuapé, não absorvendo o fluxo oriundo do Metrô. Por ser uma estação terminal da Linha 3 Vermelha (Metrô), o complexo tem um movimento diário de mais de 80 mil pessoas. As opções para os usuários são as estações Dom Bosco ou Tatuapé da CPTM, também naquela região.
Também prossegue o reforço no contingente de segurança em todas as estações da CPTM, especialmente na Luz, Guaianazes, José Bonifácio, Dom Bosco, Tatuapé, Brás, Calmon Viana, Barra Funda e Santo Amaro.
Enquanto durar a greve, o Serviço de Atendimento ao Usuário (telefone 0800 055 0121) funcionará das 5h às 20h. O serviço da Ponte Orca, que opera os trechos Barra Funda Vila Madalena e Cidade Universitária Vila Madalena continua interrompido até o fim da paralisação metroviária.
Tumulto na Luz
O tumulto ocorrido na Estação da Luz no fim da tarde de quinta (2) foi apenas um dos reflexos da greve dos funcionários do Metrô. Além do empurra-empurra para entrar na estação, o dia foi marcado por trânsito complicado, ônibus lotados e longas filas nos trens. Essas cenas podem voltar a se repetir nesta sexta.
Por dia, o Metrô transporta 3 milhões de pessoas. A companhia estima que, até as 22h, 1,2 milhão foram prejudicados. Isso porque as estações da Linha Azul (Norte-Sul) abriram. Na Linha Verde (Vila Madalena-Alto do Ipiranga), o funcionamento foi parcial. Já na Linha Vermelha (Leste-Oeste), nenhum passageiro conseguiu embarcar. Muitos usuários do sistema tiveram de usar os ônibus do plano de emergência.
A CPTM estima que o movimento tenha aumentado em 10% em suas estações por causa da greve, ou 160 mil passageiros a mais.
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