Atualizado em 08/10/2006, às 12h
O desembargador João Mariosi, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, concedeu, na noite deste sábado, liminar que determina a retenção no Brasil do avião Legacy, envolvido no acidente com o Boeing da Gol.
Os advogados decidiram recorrer ao TJ depois que a juíza Ana Maria Catarino, da 3ª Vara Cível do Distrito Federal, negou a liminar por falta do atestado de óbito de uma das vítimas. A ação foi impetrada por Bernardo da Silva Campos, que perdeu a mulher, Patrícia de Souza, no acidente.
Segundo o advogado Marcelo Moura, a iniciativa visa a garantir, no futuro, caso a empresa ExcelAir seja considerada culpada pelo acidente, o pagamento das indenizações aos familiares das vítimas.
- Prevaleceu o bom senso. E essa decisão irá beneficiar, solidariamente, a todos os familiares das outras 153 vítimas da tragédia - disse Marcelo Moura.
O Exército atendeu os pedidos da Comissão de familiares das vítimas do acidente com o Boeing 737-800 da Gol e mandou um reforço de 100 soldados para ajudar no resgate dos corpos na Serra do Cachimbo, no Mato Grosso, elevando o total para 240 homens. Em oito dias, foram removidos do local 117 corpos até a tarde deste sábado, de um total de 154. Do total, 65 corpos foram identificados, entre eles os de três das cinco crianças mortas no acidente foi revelada, uma por impressão digital e duas por exame de DNA. O ministro da Defesa, Waldir Pires, disse que as buscas vão até o último corpo .
Recall
Nos Estados Unidos, a agêcia de aviação americana determinou que a empresa fabricante do "transponder" usado no jato Legacy faça um recall do aparelho , usado para fazer a comunicação das aeronaves com o radar, mas o lote do modelo usado no Legacy não está incluído no programa de recolhimento .
Já o porta-voz do sindicato dos pilotos da American Airlines , que representa 13 mil pilotos dos EUA, recomendou aos pilotos americanos que evitem sobrevoar países em que possam ser presos ou acusados de provocar acidentes aéreos
Os familiares das vítimas estão preocupados com a possibilidade de os corpos serem atacados por animais na selva e o estado e decomposição acelerado dificultar ainda mais a identificação dos corpos. A partir de segunda-feira, a identificação dos corpos ficará mais difícil , diz o IML.
Mais cedo, um representante do grupo criticou a atuação da Aeronáutica, dizendo que, quanto mais o tempo passa, mais difícil ficará a identificação dos corpos.
Reforço e perícia
Os militares que farão o reforço são integrantes do 1º Batalhão de Infantaria de Selva, sediado em Manaus. Eles vão se juntar aos 37 militares do Exército que já estão trabalhando no local.
Os peritos dos Institutos de Identificação, de Medicina Legal e de Pesquisa de DNA Forense da Polícia Civil do Distrito Federal prosseguem no trabalho de identificação das vítimas.
Os peritos fazem a pré-identificação das vítimas cujas impressões digitais estão preservadas. Quando há documentos de identidade acompanhando os corpos, acrescenta a nota, o confronto das digitais é feito na própria fazenda Jarinã.
O ministro da Defesa, Waldir Pires, voou neste sábado para a área da Serra do Cachimbo, no Mato Grosso, na qual estão os destroços do Boeing 737-800 da Gol que caiu na sexta-feira 29. Parte dos corpos também permanece no local. Ele chegou à Fazenda Jarinã, sede das operações de resgate e, de lá, partiu para um sobrevôo da área do desastre, o maior da aviação brasileira, matando 154 pessoas.Veja aqui que caixa-preta revela que controladores tentaram sete vezes entrar em contato com o Legacy
Enterro Neste sábado, mais vítimas foram sepultadas. Na sexta, três parlamentares americanos procuraram nesta quinta-feira autoridades dos Estados Unidos, incluindo a secretária de Estado, Condoleezza Rice, para conseguir a liberação dos dois pilotos do Legacy. O ministro Waldir Pires disse que a reclamação sobre pilotos americanos deve ser feita à Justiça , e não ao governo, que apenas cumpre decisão judicial. E a Fundação Internacional de Segurança de Vôo, com sede nos Estados Unidos, divulgou uma nota em que elogia os métodos de investigação de acidentes aéreos no Brasil. A nota ressalta a tradição de investigações independentes, sem interferência do governo.
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