Sede da Adesobras, em Curitiba: acusação de desvio de verbas| Foto: Antonio More/ Gazeta do Povo

A Justiça Federal do Paraná decretou ontem a intervenção judicial em duas organizações sociais civis de interesse público (Oscips) com sede em Curitiba por suspeitas de irregularidades em contratos com o governo federal. A intervenção na Adesobras e na Ibidec, determinada pela 2.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, vai durar seis meses. Durante esse prazo, as atividades das Oscips ficarão paralisadas.

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Na mesma decisão, os dirigentes das instituições foram proibidos de constituírem novas Oscips ou organizações sociais (OSs) que recebam quaisquer valores do Poder Público, sob pena de prisão até o julgamento da ação penal. A decisão tem por base investigação da Polícia Federal (PF), da Controladoria-Geral da União e da Receita Federal que deflagraram, em abril, a Operação Dejá vu II.

Na época, a PF cumpriu 16 mandados de prisão contra suspeitos de desviar recursos públicos. Foram presos o libanês Robert Bedros Fernezlian e Lilian de Oliveira Lisboa – responsáveis pelas entidades que sofreram a intervenção judicial. Os dirigentes das duas Oscips foram denunciados por crimes de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro pelo Ministério Público Federal (MPF).

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Segundo a denúncia, os acusados, dentre outros crimes, teriam desviado cerca de R$ 18 milhões por meio da simulação de despesas mediante a contratação de assessorias ou serviços de consultoria fictícios. Ao receber a denúncia, a Justiça Federal achou necessário decretar a intervenção judicial prevenir novos desvios de recursos públicos.

A sentença assegura, porém, a continuidade das atividades das Oscips na prestação de serviços públicos já em andamento, principalmente na área da saúde. O despacho abre a possibilidade de que as entidades públicas que contrataram as duas entidades possam assumir os serviços ou realizar licitações para contratar outras Oscip.

A reportagem procurou os diretores das entidades nos telefones de contato que constam no site das duas Oscips, porém a mesma secretária atendeu às ligações e respondeu que nenhum dos responsáveis estavam na sede e nem poderiam ser localizados.

Segundo a investigação da polícia, as duas entidades, Ade­­sobras e Ibidec, são, de fato, uma única instituição e os dirigentes das associações vivem em regime de união estável. De acordo com a investigação da PF, a Adesobras teria sido criada para burlar sanções impostas à Ibidec, quando a entidade foi condenada em razão de irregularidades detectadas pelo Ministério Público no pagamento de taxas de administração por prefeituras do estado, em convênios firmados entre 2003 e 2005.