As Saias do Paraná

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Sim, elas fazem o maior barulho. Basta se reunirem para que a conversa corra solta e vá longe... Carreira, filhos, marido, sugestões de como conciliar melhor a família e o trabalho. Enfim, nenhum assunto é proibido. De quebra, elas trocam dicas valiosas sobre o seu dia a dia à frente de departamentos jurídicos de grandes empresas do estado. Elas fazem parte do grupo Jurídico de Saias do Paraná, cria do Jurídico de Saias Nacional, que já congrega cerca de 500 participantes. Por aqui, elas já são quase quarenta e o grupo não para de crescer a cada reunião.

"Havia o Jurídico de Saias Nacional, mas era complicado de participar com uma interação mais pessoal, já que a maior parte das ‘saias’ (como são chamadas as integrantes do grupo) são de São Paulo", explica Claudia Trancozo, master jurídico da Renault. "A partir dos encontros aqui no Paraná e do nosso mailing, conseguimos trocar informações de uma forma mais regionalizada", conta.

Foi na comissão de advogados corporativos da seccional do Paraná da Ordem dos Advogados do Paraná (OAB-PR) que o Saias do Paraná começou a ser esculpido. Por conta dos encontros da comissão é que Claudia e Gabriele Pesch Garbin de Carvalho, advogada da Neodent, aproximaram-se e começaram a montar o Saias do Paraná.

"Primeiro, mandamos um e-mail para as meninas da própria comissão. Mas, no nosso primeiro encontro, no ano passado, foram apenas quatro saias", ri Claudia, ao lembrar. "Pensamos que não havia surtido muito efeito, mas não desistimos e continuamos no boca a boca."

E foi no boca a boca que o grupo foi crescendo mesmo. De 10, passou para 15 e, no último encontro, realizado nesta semana, na quarta-feira, 31 saias paranaenses se reuniram. "É uma forma descontraída de trocarmos ideias", opina Claudia.

De sexismo, poderiam acusar as saias. Mas elas não dão bola. "Temos interesses que vão além do trabalho. Trocamos conhecimentos técnicos, mas também compartilhamos questões de nossas vidas pessoais e dos dilemas trabalho-família, que envolvem a mulher. Não estamos queimando sutiã", explica Cláudia. Gabriele vai no mesmo embalo. "Homens saem jogar futebol, beber cerveja. Nós saímos jantar."

Sylvia Campos, assessora jurídica da Nutrimental, lembra que o grupo já foi responsável por ajudar quem estava trocando de emprego, achar novo estagiário ou até em dica com empregada doméstica. "Você vê que não está sozinha nas suas dificuldades do dia a dia e pode se socorrer em que tem mais experiência." Gabriele tem uma opinião semelhante. "Nós podemos tratar tantos de questões de carreira, como pessoais, e espairecer um pouco da vida corporativa, com pessoas que levam o mesmo tipo de vida que você. Formamos uma relação de networking e de amizade", define.

OrigemIdeia nasceu em São Paulo em 2009

O Saias Jurídicas Nacional nasceu em 2009, em São Paulo, a partir de um e-mail enviado para 14 amigas por Josie Jardim, diretora jurídica para a América Latina da General Electric. O objetivo era formar um grupo online para discutir carreira jurídica dentro das corporações. Hoje, o grupo tem cerca de 500 integrantes.

Para ser aceita pelo "clube", é preciso trabalhar no departamento jurídico de empresa e não pertencer a escritório de advocacia. A proibição é para evitar conflito de interesse, uma vez que há bancas que têm como cliente as empresas para as quais as "saias" trabalham.

Ao entrar no grupo, é preciso também assinar um termo de confidencialidade, para que os assuntos discutidos nas reuniões não vazem. Quem viola a regra, pode ser expulso. Em três anos de existência do grupo nacional, só houve um caso. As discussões acontecem diariamente por meio de um blog, cujo conteúdo tem acesso restrito, e pessoalmente, durante os encontros.

No Paraná, as novas saias são orientadas a fazer a inscrição no blog nacional e, assim, também assinar o termo de confidencialidade. Além do blog nacional, as saias do Paraná trocam informações no dia a dia por meio de um mailing.