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 | Antônio More/Gazeta do Povo
| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Pausa para fotos, cumprimentos de admiradores, solicitação de reuniões das mais diversas figuras do mundo jurídico e, claro, os pedidos de entrevista. Esta é parte da rotina da corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon. Durante a abertura de um seminário sobre conciliação, no Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR), na última semana, ela mesma brincou sobre sua rotina ao dizer que agora é uma pop star.

Sua popularidade vem da postura firme que mostrou ao assumir o CNJ e ao investigar magistrados suspeitos de irregularidades. Afirmações duras e polêmicas, como quando disse que há "bandidos de toga", lhe renderam inimizades e ataques. Mas também vários admiradores.

Em meio a agenda apertada, Eliana Calmon recebeu a reportagem da Gazeta do Povo com exclusividade, na sala de espera do aeroporto Afonso Pena, momentos antes de seu voo de retorno. Ela falou sobre as mudanças que estão ocorrendo no Judiciário e as condições que, aos poucos, vai conquistando para fazer as investigações da corregedoria. A ministra também explicou como lida com a popularidade e a exposição excessiva.

A senhora sente que tem mais respaldo agora que o STF autorizou as investigações no CNJ, independentemente das corregedorias?

Ah! Lógico, sem dúvida alguma. Não somente o respaldo legal, como também o respaldo por parte da magistratura. A ficha da magistratura caiu. Estão vendo que o que eu quero é em prol da magistratura de bem, eu não estou fazendo nada de mais. Estou fazendo o que a lei me determina que eu faça.

A senhora acredita que seu trabalho está mudando a cultura do Judiciário?

Alguns tribunais não têm mais receio do CNJ ou da corregedoria, são tribunais que são parceiros.

A senhora poderia citar alguns­ exemplos?

Os tribunais do Amazonas, de Alagoas, de Mato Grosso...

E o Tribunal de Justiça de São Paulo, o maior do país e um dos que mais apresentaram resistência às investigações?

São Paulo está ficando parceiro. Sabe por quê? Mudou a direção e o atual presidente do tribunal é uma pessoa aberta, que quer acertar. É um desembargador jovem que ainda quer fazer carreira.

E aqui no Paraná?

Aqui no Paraná, tenho tido muitas aproximações e um diálogo muito bom com o presidente do Tribunal [Miguel Kfouri Neto], com o desembargador [Adalberto Jorge] Xisto, com o corregedor, com que eu me dou magnificamente bem, o desembargado Noeval [de Quadros]. Não posso dizer que o tribunal do Paraná é um parceiro, mas é um tribunal que não me hostiliza.

Qual a sua opinião sobre a iniciativa de publicação na internet dos salários dos servidores?

Quando a gente fala em combate à corrupção, a gente pensa em medidas punitivas. Mas não é isso, o combate à corrupção começa com medidas preventivas. Nós somos servidores públicos e precisamos ter transparência quanto aos nossos ganhos. Existe um tribunal [TJ-RJ], foi dado inclusive nos jornais, onde um desembargador ganha mais de R$ 100 mil, um juiz de primeiro grau ganha R$ 40 mil. Isso é um pouco preocupante. E existem outros tribunais em que sempre pagam no valor do teto, mas, de vez em quando, juntam dois, três meses e pagam um penduricalho, gratificações das mais diversas possíveis. Gratificação por não estar atuando na Justiça Eleitoral... Isso é absolutamente ilegal. Tem até gratificação por divórcio.

A senhora brincou durante o evento do TRT ao dizer que agora é uma pop star. Como tem administrado esta situação, de ser tão procurada, atacada em alguns lugares, idolatrada em outros?

Isso me dá uma responsabilidade muito grande. E me cansa muito, todo mundo quer tirar um retrato, quer falar...

Quer fazer entrevista...

[Sorri e responde] Quer fazer entrevista... Eu fico muito cansada e com a agenda muito cheia de compromissos. Mas isto me deixa muito feliz, na medida em que eu estou avançando no meu trabalho e as pessoas têm mais credibilidade para irem à corregedoria e contar muitas coisas que, até o início da minha gestão, ninguém contava porque não acreditava que fosse dar jeito. Eu posso dizer até que coisas mais graves começam a surgir, agora, por denúncias, às vezes, feitas pelos membros da própria magistratura.

A senhora não se preocupa de o trabalho ficar muito personalizado e centralizado na sua figura?

Não, porque o trabalho da corregedoria é um trabalho que a gente deixa. O corregedor que chegar vai dar sequência a um trabalho já começado. Ele já vai encontrar saneada a resolução 135 e os tribunais menos resistentes, diversas parcerias e uma legislação que favorece a transparência. Tudo isso são sinais de que administração terá uma continuidade.

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