Funcionamento do PJe
Confira alguns tópicos da Resolução do CNJ sobre temas que geralmente despertam dúvidas entre usuários do processo eletrônico:
Prazos "Art. 11. Os prazos que vencerem no dia da ocorrência de indisponibilidade de qualquer dos serviços referidos no art. 9.º serão prorrogados para o dia útil seguinte à retomada de funcionamento, quando: I a indisponibilidade for superior a 60 minutos, ininterruptos ou não, se ocorrida entre 6h00 e 23h00; II ocorrer indisponibilidade entre 23h00 e 24h00."
Tamanho dos arquivos "Art. 13. O sistema receberá arquivos com tamanho máximo definido por ato do tribunal ou conselho e apenas nos formatos definidos pelo Comitê Gestor Nacional do PJe. § 1.º O tamanho máximo de arquivos, definido pelos conselhos ou tribunais, não poderá ser inferior a 1,5 Mb (um megabyte e quinhentos quilobytes)."
Administração do Sistema "Art. 30. A administração do PJe caberá ao Comitê Gestor Nacional, facultando-se aos conselhos e tribunais a criação de comitês gestores setoriais ou locais, compostos por usuários internos e externos do sistema. Parágrafo único. Portaria da presidência do Conselho Nacional de Justiça instituirá comitê gestor setorial da Justiça dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, com representantes indicados por tribunais que possuam o sistema instalado em produção."
TRE
Desde 2001, o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) utiliza o Sistema Informatizado de Acompanhamento de Processos (SADP). Em 2010, também foi adotado o Processo Administrativo Digital (PAD), desenvolvido pela própria equipe do TRE para procedimentos administrativos. Agora, o TRE-PR aguarda a implantação do PJe desenvolvido para atender às peculiaridades da Justiça Eleitoral. A intenção do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é que o sistema esteja funcionando até as eleições de 2014, mas ainda não há data definida para a instalação.
Dê a sua opinião
O que você acha da implatação de um programa de processo eletrônico único em todo o país?
Escreva para justica@gazetadopovo.com.br. As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.
Um dos desafios para quem lida com processo eletrônico no Brasil é a variedade de programas que existem nos diferentes ramos do Judiciário e regiões do país. Uma alternativa seria a adoção de um único sistema, que está sendo sugerida em resolução a ser votada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Se o texto for aprovado, uma versão do Sistema Processo Judicial Eletrônico (PJe) deve ser adotada por toda a Justiça brasileira. Apesar de soar como uma simplificação desejada, a proposta gera controvérsias, principalmente no que se refere aos tribunais que já possuem modelo próprio e às dúvidas sobre a capacidade operacional do programa.
A Justiça do Trabalho do Paraná, por exemplo, possui um dos melhores programas de processo eletrônico do país o Escritório Digital. Ainda assim, desde o ano passado, o Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (Paraná) começou a instalar o PJe-JT. Atualmente, 23 varas operam com o programa do início ao fim dos processos; e outras 16, só na fase de execução. No entanto, problemas operacionais estão gerando resistência ao novo programa. O presidente em exercício do TRT-PR, desembargador Altino Pedrozo dos Santos, lamenta que o Escritório Digital, que é referência no país, não tenha sido adotado pelo CNJ e prevê que a instalação do PJe em todas as varas ainda esteja em um futuro longínquo.
Durante visita a Curitiba para inspeção no TRT-PR, o corregedor geral da Justiça do Trabalho, Ives Gandra Martins Filho, afirmou à reportagem da Gazeta do Povo que vai propor que o PJe-JT só continue sendo instalado no Paraná quando o programa estiver mais consistente. "Tinham um Fusquinha que andava bem e estão colocando uma BMW com problema no motor", disse o ministro ao comparar os programas, querendo demonstrar que o potencial do PJe-JT é muito maior, mas ainda há muito a ser ajustado. Ele observou também que é pior passar de um processo virtual para outro do que do processo físico para o virtual.
Instabilidade
Na Justiça Estadual do Paraná, mais de 2 milhões e 400 mil processos já foram cadastrados no Projudi, programa adotado pelo Tribunal de Justiça do estado há seis anos. O supervisor de informática do TJ-PR, desembargador Marcelo Gobbo Dalla Dea, reconhece que a unificação do sistema é uma meta a ser alcançada, mas considera temerário que isso seja feito com um programa que ainda é instável e que não foi testado em tribunais de grande porte. "O que se pretende é que todos os sistemas que estão em andamento sejam parados. Foram milhões para desenvolver algo que é bom. E agora teremos que investir outro tanto em capacitação." Dalla Dea lembra que o TJ já está produzindo, em parceria com o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), uma integração entre o Projudi e o E-proc, programa utilizado pela Justiça Federal.
Já o diretor do foro da Seção Judiciária do Paraná, Nivaldo Brunoni, diz que a expectativa no TRF-4 é que o CNJ não determine que os tribunais deixem de usar seus próprios programas de processo eletrônico. Ele explica que o E-proc já tem diversas ferramentas desenvolvidas que o PJe ainda não tem, como a integração com tribunais superiores, procuradorias e com a Polícia Federal. Na opinião dele, caso haja unificação do programa, isso teria de ser feito em longo prazo. "Seria um retrocesso usar o PJe já", considera.
O CNJ comunicou, por meio da assessoria de imprensa, que só vai se pronunciar sobre a resolução que regulamenta o PJe após a aprovação do texto pelo Plenário do Conselho e que ainda não há data prevista para o tema entrar em pauta.
OAB-PR é contra imposição do PJe
A OAB-PR é contra a determinação de instalação do PJe em todo o Judiciário. O presidente do órgão, Juliano Breda, afirma que os profissionais da área consideram esse o pior entre todos os programas de processo eletrônico. Ele cita como exemplo experiências mais bem sucedidas, como o Escritório Virtual, o E-proc e até mesmo o Projudi, apesar de o programa utilizado no TJ-PR apresentar alguns problemas técnicos.
Breda observa que a OAB é favorável à unificação do programa, mas defende que o CNJ deveria conduzir um debate amplo e democrático, que envolvesse advogados, representantes da magistratura e do Ministério Público.
Caso a resolução seja aprovada, o presidente da OAB-PR aposta que a entidade vai tomar providências em nível nacional. "Certamente deveremos judicializar essa questão", diz Breda.
O advogado especialista em direito digital Alexandre Atheniense explica que o PJe é um grande desafio para quem trabalha com grandes volumes. "Há escritórios que praticam 30 mil atos processuais por mês. Quem desenvolve o sistema jamais imagina que exista um usuário dessa escala." Além disso, ele questiona os recursos que serão investidos caso a mudança ocorra: "Ninguém mostra a conta do novo investimento e do abandono de projetos em andamento".
Versões
Atheniense ressalta ainda que existe mais de uma versão do PJe. O Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5), por exemplo, foi o primeiro a operar com o sistema e tem uma versão mais avançada que a do CNJ. Se tiver de adotar o software recomendado pelo conselho, o tribunal vai fazer um retrocesso em seu sistema. Diante das controvérsias, o advogado, que foi presidente da Comissão de Direito e TI da OAB Federal durante oito anos, recomenda: "Desde que os sistemas possam ser interoperados, cada tribunal poderia escolher seu próprio".
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Após críticas, Randolfe retira projeto para barrar avanço da direita no Senado em 2026
Novo decreto de armas de Lula terá poucas mudanças e frustra setor
Câmara vai votar “pacote” de projetos na área da segurança pública; saiba quais são
Deixe sua opinião