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Novo perfil dos processos atrasa julgamentos

Apesar de a quantidade de processos baixados (conclusos) nos juizados especiais e de julgados no segundo grau do Tribunal Regional da 4.ª Região (TRF4) ter aumentado, a taxa de congestionamento (processos que ainda não foram encerrados) do órgão tem crescido constantemente. O relatório do CNJ também destaca que a quantidade de processos baixados em 2011 foi a menor dos últimos três e que o estoque também vem aumentando.

O juiz e diretor do Foro da Seção Judiciária Federal do Paraná, Friedmann Wendpap, observa que as características da Justiça Federal estão se modificando com a diminuição da quantidade de ações idênticas. Ele explica que a mudança dos perfis das ações dessa esfera tem alterado os tempos de julgamento e descreve os processos de agora como mais "artesanais", já que os casos que precisam ser analisados individualmente demoram mais. "São ações diferentes umas das outras que não permitem o estabelecimento de uma tese como ocorria com as do Plano Collor e do confisco da poupança."

Em 2009 e 2010 houve um esforço para se cumprir a Meta 2 do Judiciário – que consistia em julgar os processos mais antigos e tomar medidas para os distribuídos até 2005. Friedmann indica esse como um dos fatores para explicar a redução de processos baixados em 2011, quando o trabalho foi concentrado na execução.

O juiz também ressalta que os investimentos em tecnologia da informação ainda vão levar algum tempo para surtirem efeito. A utilização do e-Proc, processo eletrônico utilizado pela Justiça Federal, no início gerou susto até que todos se adaptassem. "Em torno de 2014, creio que vamos ter os efeitos da TI", diz Friedmann.

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Informatização só terá resultado em 2013

O Tribunal Regional do Trabalho da 9.ª Região (TRT-Paraná) precisa aumentar em 41% a eficiência em sentenças por magistrado e processos baixados para atingir a proporção entre a produtividade e os recursos de que dispõe, segundo o relatório Justiça em Números. O estudo também chama atenção para os gastos com informática, nos quais o tribunal é o 4.º entre os TRTs de todo o Brasil.

Uma comparação com o TRT da 15.ª Região, de Campinas (SP), apresentada pelo relatório, aponta que, embora tenha despesa com informática 448% maior, o TRT da 9.ª região possui um número total de processos baixados 63% menor.

Os números parecem mais alarmantes do que realmente são. A presidente do TRT-PR, Rosemarie Diedrichs Pimpão explica que o incremento de 104% nos gastos do tribunal com informática ainda não tem todos os resultados contabilizados. A instalação do Processo Judicial Eletrônico da Justiça do Trabalho (PJe-JT) está sendo feita e o retorno não é imediato. "O CNJ considerou o valor integral do investimento em relação aos processos de 2011, que não foram subsidiados ou contemplados com esse orçamento", diz ela.

Rosemarie destaca que o TJ-PR é o que tem o menor custo por habitante do Sul país – R$ 57,87 – 20% a menos que Santa Catarina e metade do valor do Rio Grande do Sul.

TRE

Entre os 27 tribunais eleitorais do Brasil, o TRE do Paraná está em 2º lugar em número de casos julgados e em 4º em número de processos baixados. Não existe taxa de congestionamento no segundo grau, já que a soma dos processos baixados é superior à soma de novos casos. Isso faz com que o congestionamento do TRE seja abaixo da média (12,7% contra 32%). De acordo com a Diretora Geral do TRE-PR, Ana Flora França e Silva, o congestionamento pequeno é resultado de um trabalho realizado pela corregedoria do tribunal no último ano, por orientação do CNJ, para julgar todos os processos que estavam atrasados.

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A Justiça do Paraná caminha entre o progresso e os congestionamentos (processos que aguardam para serem concluídos). O relatório Justiça em Números, divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na última semana, mostra um perfil detalhado das justiças no Brasil e destaca os principais pontos positivos e negativos. A reportagem da Gazeta do Povo analisou os resultados e apresenta um perfil dos órgãos que atendem os paranaenses.

De acordo com o estudo, a Justiça Estadual do Paraná tem apresentado uma constante redução na taxa de congestionamento, mas, no segundo grau e nas turmas recursais, o acúmulo de processos está aumentando. Na Justiça Federal que atende os paranaenses, o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4), a taxa de congestionamento vem crescendo desde 2009. O mesmo acontece na Justiça do Trabalho do estado, ainda que tenha havido aumento de processos julgados por magistrado. Já a Justiça Eleitoral paranaense apresenta números melhores e está abaixo da média nacional de congestionamento dos tribunais eleitorais.

INFOGRÁFICO: Justiça do Paraná em números

Desafios como a mudança do perfil das ações na Justiça Federal e a falta de juízes na Estadual são apresentados como motivos para conter o pleno andamento do Judiciário. A instalação do processo eletrônico, que deve tornar o andamento dos processos mais ágil, pode ter um efeito reverso em um primeiro momento da fase de transição. Tanto na Justiça do Trabalho, quanto na Federal a promessa é a de que, nos próximos anos, o resultado seja mais positivo, e as consequências da informatização, mais visíveis.

Ao analisar o relatório, o juiz federal e diretor do Foro da Seção Justiça Federal do Paraná, Friedmann Wendpap, constata que os resultados ambicionados pelo TRF4 ainda não foram vistos. "Temos a convicção de que o efeito do nosso esforço para oferecer um serviço público de qualidade por meio da tecnologia da informação ficará nítido daqui uns quatro anos."

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O presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná, José Lúcio Glomb, diz que é preciso analisar os resultados do Justiça em Números com cautela. Ele ressalta que o TRT-PR é considerado um dos melhores tribunais do trabalho do país. Glomb reconhece a evolução do TJ-PR apontada pelo relatório, mas diz que, na prática, a Ordem não recebe tantas queixas da Justiça Federal e da Justiça do Trabalho quanto recebe da Justiça Estadual.

TJ aumenta eficiência, mas tem de melhorar

O Tribunal de Justiça do Paraná aumentou a produtividade, mas ainda tem uma alta taxa de congestionamento. De acordo com o relatório Justiça em Números, o TJ-PR está entre os mais eficientes, junto com Roraima, Amapá e São Paulo, se for levada em conta a relação entre os casos novos e o total de processos baixados. O mesmo relatório aponta, contudo, que o estado é o 4.º com mais processos pendentes.

O presidente da OAB-PR, José Lúcio Glomb, considera que a maioria dos dados do relatório do CNJ indica uma evolução do órgão. Para ele, o alto estoque de processos se deve a gestões anteriores do tribunal que não foram tão eficientes.

O corregedor-geral do TJ-PR, Noeval de Quadros, diz que as gestões anteriores fizeram o possível com o baixo orçamento que tinham. Segundo ele, o orçamento aumentou 11% de 2010 para 2011. Quadros ressalta que, de acordo com o CNJ, o tribunal alcançou uma produção por magistrado acima da média, mesmo com despesas por servidor abaixo da média das justiças estaduais em todo o Brasil. O relatório indica, ainda, que o TJ-PR tem um total de processos baixados aproximadamente compatível com a despesa com o pessoal ativo.

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O Justiça em Números também destaca a redução de 4,8% na quantidade de processos julgados por magistrados do primeiro grau. O corregedor-geral atribui a "pequena redução" a uma "falta crônica de juízes" e ao fato de os concursos não terem aprovado um número suficiente de candidatos. "Atualmente, há 25 seções judiciárias sem juiz substituto. O concurso em andamento deve terminar até o início do próximo ano", diz o corregedor. Ainda segundo ele, em 2011 e 2012, perto de 150 novos cargos de juízes, 70 novas varas e cerca de 1.200 cargos de servidores foram criados.

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