"Ele tinha duas características fundamentais para o bom exercício do magistério: era severo no aprendizado e extremamente bondoso para auxiliar os alunos com dificuldades no ensino."
Luiz Edson Fachin, professor da Faculdade de Direito da UFPR e ex-colega do minitro Milton Luiz Pereira.
"O ex-presidente Juscelino Kubitschek era o cabo eleitoral do adversário de campanha [para a prefeitura de Campo Mourão], mesmo assim Milton ganhou a eleição, prova do grande orador que era."
René Dotti, advogado e amigo do ministro Milton Luiz Pereira.
Humildade e honestidade. Em poucas palavras, é assim que os amigos descrevem o ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Milton Luiz Pereira, morto no ano passado. Essas características básicas e suas contribuições ao cenário jurídico estadual e nacional fizeram com que a Associação dos Juízes Federais do Paraná (Apajufe), em conjunto com a Academia Paranaense de Letras Jurídicas (APLJ), organizasse uma seleção de textos em memória ao ilustre paranaense nascido em São Paulo.
Os artigos, que serão reunidos e darão origem a um livro, devem abordar fases da vida do homenageado: como estudante de Direito e radialista; advogado e prefeito de Campo Mourão; professor da Faculdade de Direito de Curitiba; ou como magistrado. "O ministro teve uma vida bastante participativa em diversos segmentos da sociedade e estamos recorrendo às pessoas que o conheceram nessas várias fases", explica o professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Luiz Edson Fachin.
Perfil
O advogado René Dotti, que estudou com Pereira na Faculdade de Direito entre 1954 e 1958, conta que, naquela época, o amigo já se destacava como grande orador, tanto que venceu um concurso de oratória em um Congresso de Direito em Natal (RN) e atuava como radialista em programas da PRB2. Depois da academia, Pereira se destacou como advogado criminalista em Campo Mourão, cidade da qual, posteriormente, se tornou prefeito (1964-1967).
"O ex-presidente Juscelino Kubitschek era o cabo eleitoral do adversário de campanha, mesmo assim Milton ganhou a eleição, prova do grande orador que era", conta Dotti. Como administrador, Pereira ficou conhecido por tornar Campo Mourão o "município modelo do Paraná". Ao final do mandato, chegou a ganhar um Fusca como presente dos habitantes da cidade, carro que manteve até o fim da vida.
Desde o final da década de 1960 até a aposentadoria, o então juiz Milton Luiz Pereira ocupou diversos cargos na esfera jurídica estadual e federal e também atuou como professor, quando foi companheiro de trabalho de Fachin. "Ele tinha duas características fundamentais para o bom exercício do magistério: era severo no aprendizado e extremamente bondoso para auxiliar os alunos com dificuldades no ensino", conta.
Dotti exalta o rigor ético e funcional característico de Pereira em qualquer uma das atividades que exerceu. "Era um juiz extremamente imparcial e muito corajoso nas suas decisões. Ele fazia valer o direito independentemente de qualquer situação", avalia. Uma dessas decisões corajosas é citada por Fachin: o fechamento da Estrada do Colono para preservação do Parque Nacional do Iguaçu. "Ele jamais se verteu a qualquer tipo de pressão porque estava convencido de que essa era a melhor decisão para proteger o meio ambiente", diz.
Mesmo depois de ter sido indicado a ocupar uma cadeira no STJ, os amigos apontam que Pereira não perdeu o compromisso com a ética e o perfil humilde. "Ele foi um exemplo de vida", observa Fachin. "A iniciativa [do prêmio] casou com o momento em que o Brasil vive. Resgatar o exemplo do ministro é importante para servir de espelho de luz para as presentes e futuras gerações", diz.
Serviço:
Chamadas de Narrativas em Homenagem ao Ministro Milton Luiz Pereira
Inscrições e envio de artigos (por qualquer interessado): até 20 de agosto
E-mail: mlp@apajufe.com.br
Forma: textos digitados em Times New Roman tamanho 12, com no máximo 6 mil caracteres com espaço.
Mais informações: http://www.apajufe.com.br/wp/chamada-de-narrativas-em-homenagem-ao-ministro-milton-luiz-pereira/
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