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Se ao defenderem uma tese, advogados pudessem ter noção com base em números sobre como decide um magistrado ou determinada turma de um tribunal, seus argumentos a serem apresentados poderiam ser bem mais direcionados. Essa é a ideia de um aplicativo criado por uma advogada, um designer e três programadores durante o Hackathon organizado pela seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR). Eles desenvolveram o Jurimetrics, que tem como objetivo transformar jurisprudência em estatística.

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A experiência ao trabalhar com processos em grande número levou a advogada Bibiana Espíndola, 26, a perceber a necessidade de se trabalhar com tática processual. “Quando comecei a trabalhar com processos em massa, com mais de 5 mil ações, passei a ter noção de estratégia no processo. Se eu tivesse essa ferramenta, a estratégia processual seria diferente”, conta advogada. Segundo ela, a ideia foi aperfeiçoada quando a equipe se reuniu para se preparar para o Hackathon.

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A consulta no Jurimetrics deve ser semelhante às buscas feitas nos sites de tribunais, por meio de palavras-chave. Podem ser aplicados filtros como primeiro ou segundo grau, juiz e vara. Os advogados não podem escolher os magistrados responsáveis pelo caso, mas Bibiana explica que ao saber como o responsável pela ação costuma decidir é possível ter uma visão melhor do processo e trabalhar com probabilidade, levando em conta se os juízes estão dando procedência aos recursos ou reformando as decisões relacionadas ao tema da ação.

O projeto rendeu ao grupo o primeiro lugar no Hackathon OAB-PR, com direito a um prêmio de R$ 10 mil.

“Dentro da minha experiência como advogada, eu sabia que era um projeto de impacto na advocacia. Já tinha uma noção de que não existia algo assim no mundo jurídico e senti que isso tem potencial de grande impacto”, diz Bibiana.

O aplicativo ainda não tem data para ser lançado. Agora, o grupo pretende alinhar o plano de negócios para então definir se vai buscar investidores ou parceiros.

O evento

O presidente da Comissão de Inovação e Gestão da OAB-PR e coordenador do evento, Rhodrigo Deda Gomes, considera que projetos como o Jurimetrics ajudam a ampliar a cultura de utilização de meios tecnológicos para facilitar a atividade de advogados. Ele ressalta também que este foi primeiro Hackathon jurídico do Brasil.

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“Começamos a nos aproximar de um tema que lá fora já está acontecendo e que aqui ainda não acompanhavam aqui no Brasil. É importante entenderem que é um processo que não tem volta. Ou os profissionais se apropriam dessas ferramentas, ou vão sucumbir”, diz o advogado.

18 equipes, com um total de 85 pessoas concorreram no Hackathon, realizado nos dias 15 e 16 de outubro na sede da OAB-PR. Contando os mentores que davam suporte aos grupos foram 150 pessoas envolvidas. A maioria das equipes participantes foi do Paraná, mas houve um grupo que veio de Sorocaba para a disputa.

Gomes conta que a receptividade foi muito boa entre os advogados e que o objetivo é o que evento se torne referência em legal tech no Brasil.