Muito se tem discutido sobre assédio moral no trabalho e assédio moral na escola, o chamado bullying. Infelizmente, observa-se que o assédio moral pode ocorrer em qualquer relação intersubjetiva do ser humano, inclusive dentro da entidade familiar. Na família, o estudo é considerado recente. O seu reconhecimento entra em xeque com a premissa de que a família representa amor, afeto, respeito e segurança. Afinal, é triste e chocante assumir que dentro da família pode haver violência psíquica tão grave como o assédio moral.
O assédio moral na família é caracterizado por um conjunto de condutas agressivas e repetitivas, de forma a violar a integridade psíquica e moral da vítima. Algumas vezes tais condutas são visualizadas na forma de brincadeiras, mas podem aparecer em agressões verbais brutas. Frases como: “Você é uma burra”; “Você é um frouxo”; “Você não faz nada direito”; “Gorda assim você não irá arrumar namorado”; “Você está muito magra”; “Você é uma desgraça”, ditas em repetição geram grande mácula na autoestima e na autoconfiança da vítima.
Importante destacar que muitas vezes o agressor tem características melodramáticas, tendo comportamentos como choros e gritos para que a atenção da vítima se concentre inteiramente nele. Ele não se responsabiliza pelos seus atos e pelos seus fracassos, culpando a vítima por tudo que acontece que não seja o desejado. Paralelamente, o agressor tenta isolar a vítima de contato social e de pessoas íntimas, como familiares e amigos, para que ela não tenha com quem se abrir e se sinta sozinha.
A vítima não é necessariamente depressiva e melancólica, mas tais características podem ser adubo para a intenção do agressor em mantê-la na sua teia de violência. Inicialmente, a vítima acredita ser culpada das agressões e sente vergonha, principalmente, vergonha de não se sentir amada. Quando o assédio moral é em face de crianças e adolescentes, o sentimento de culpa é ainda maior, diante da ausência de maturidade de reconhecer que o errado é o agressor.
Deve-se ter em mente que o assédio moral na família pode se dar em todas as dimensões, ou seja, entre pai e filho, marido e mulher, mãe e filho, e vice-versa. Não há uma regra. O que é comum a todos os casos é justamente suas graves consequências. Observa-se que o assédio moral na família muitas vezes é reconhecido somente a partir de seus efeitos e isso agrava o quadro da vítima, pois já se está diante de danos causados pela rotina de violência.
A teia de violência psíquica gera grande estresse no assediado, causando doenças psicossomáticas, como ansiedade crônica, distúrbios alimentares (anorexia e bulimia), uso de drogas, quadro de depressão, chegando até ao suicídio. Há autores que denominam o assédio moral de bullicídio. Assédio moral na família é homicídio da alma, pois o principal efeito é a aniquilação da personalidade da vítima, gerando, assim, os graves resultados dela.
É preciso que a vítima se reconheça como vítima e procure ajuda, inclusive de um profissional. Sozinha, infelizmente, a vítima dificilmente consegue ter força emocional para reverter a realidade violenta que vive, mesmo porque nem tudo é tão ruim na convivência com o agressor. O agressor é consciente das atitudes agressivas e também sabe quando pedir desculpas, numa tentativa de enredar ainda mais a vítima. Quando sente que precisa neutralizar a situação, pede perdão e, em geral, faz algo que a vítima gosta (passeio ou presente), mas o perdão não é verdadeiro e a rotina de violência volta a fazer parte da vida da família.
Para o Direito, o assédio moral na família é de extrema importância. Os juristas precisam assumir a sua existência e ter a preocupação de amparar as vítimas. É preciso ter conhecimento, sabedoria e sensibilidade na escolha da técnica processual adequada a fim de que o Direito seja efetivo na proteção das vítimas. No ordenamento jurídico, há tutelas jurisdicionais específicas para prevenção do ilícito e a não repetição (tutela inibitória), bem como a indenização de danos sofridos (tutela indenizatória).
O ser humano é resultado das relações intersubjetivas que possui, principalmente, das relações familiares. A família é responsável pela formação e pela estabilidade da personalidade de seus membros. Cada pessoa precisa se sentir amparada, respeitada e amada em seu seio familiar. A máxima frase: lar doce lar de fato deve ser uma constância. É preciso que cada pessoa se sinta envolvida na felicidade dos seus entes familiares e busque uma convivência saudável. Assim, as famílias produzirão seres humanos felizes e prontos para viver em sociedade.
Sob pressão do mercado e enfraquecido no governo, Haddad atravessa seu pior momento
Premiê de Assad concorda em entregar poder a rebeldes da Síria
EUA alertam que Estado Islâmico pode tentar “tirar vantagem” da situação na Síria
Segurança pública de São Paulo enaltece recorde histórico de redução de crimes
Deixe sua opinião