Teve gente que viajou três horas para fazer a prova, enquanto alguns chegaram à 13.ª Vara Federal de Curitiba com objetivo definido: trabalhar com um dos nomes mais citados nas rodinhas do país quando o assunto é a Operação Lava Jato. A prova aplicada nesta quinta-feira para a escolha do estagiário que atuará junto ao juiz Sérgio Moro bateu recorde de inscritos, 286, bastante superior à média normal em outras comarcas, de 70 pessoas.
O estudante do 5.º período de Direito Jades Oliveira viajou de Guaramirim (SC) para Curitiba (PR), para fazer a prova escrita, primeira etapa do concurso, que foi aplicada na tarde desta quinta-feira (20/10), na sede da Justiça Federal. Oliveira não escondia que tinha a expectativa de ver o juiz pessoalmente, o que não ocorreu. “Não tem outro juiz que faz o que ele está fazendo agora. Que bom seria se tivéssemos pelo menos um terço do Judiciário fazendo pelo menos metade do trabalho dele”, declarou o jovem, que, se escolhido, vai transferir a faculdade e a vida para Curitiba.
Chance
A chance de trabalhar com o magistrado e atuar nas ações da Lava Jato foram os grandes atrativos para os candidatos. Ruan Carlo Goll, que está no 5.º período de Direito, por exemplo, leu uma biografia de Moro e, a partir daí, se sentiu motivado a atuar no combate a corrupção. “A pessoa dele que me motivou a vir fazer a prova porque, com certeza, eu vou aprender muito com ele. Ele é uma pessoa muito dedicada, sempre tenta dar o melhor de si, então é isso que quero aprender com ele”, disse.
O próprio magistrado, com auxílio da juíza substituta Gabriela Hardt – a quem o novo estagiário também estará subordinado –, foi quem elaborou a prova. Foram 30 questões “verdadeiro e falso”, que cobraram conhecimentos em Direito Penal, Processual Penal e Constitucional.
Um dos temas caros ao magistrado estava na prova: cumprimento da pena a partir do julgamento em segunda instância. Marina Passos, do 6.º período de Direito, se inscreveu para o concurso sem experiência em testes como esses, e quis se colocar à prova na Vara de atuação de Moro. “Dei uma lida nos conteúdos que não tinha tido na faculdade, não foi um grande aprofundamento, mas umas quatro semanas de preparação”, afirmou.
Entre os candidatos ao estágio, nem todos admiram o trabalho de Moro e a forma como são tratados os processos que envolvem réus da Operação Lava Jato. Para Bruna Gorski, aluna do 8.º período de Direito, o posto conta essencialmente como upgrade no currículo. “Hoje, a 13 ª Vara é referência para o Brasil e agrega o currículo de qualquer estagiário de Direito. Sou completamente contrária em colocar o Moro como pessoa à frente de tudo que acontece no país, mas acho que, para um currículo, faz toda a diferença”, declarou.
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