A advogada Marianna Fux, de 34 anos, filha do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, foi nomeada desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), nesta terça-feira, 8.
Ela ocupará uma vaga no chamado quinto constitucional, reservado a advogados e integrantes do Ministério Público. Marianna foi a mais votada em listra tríplice encaminhada pelo TJ ao governador.
Marianna estava entre os nomes da lista sêxtupla enviada ao TJ pela Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ). A candidatura provocou grande discussão entre os conselheiros da OAB e, em setembro de 2014, um grupo chegou a pedir impugnação da candidatura, por falta de documentos.
No dia 25 de fevereiro deste ano, a maioria do conselho aprovou a permanência de Marianna na disputa e a advogada ficou entre os seis mais votados. Em seguida, o TJ escolheu três finalistas e o governador optou por Marianna, que teve 125 entre 180 votos e foi a primeira colocada. A nomeação foi publicada no Diário Oficial desta terça-feira.
O fato de a filha de um dos onze ministros da mais alta corte do país estar entre os candidatos a desembargador gerou constrangimento entre os conselheiros da OAB. Muitos se sentiram desconfortáveis em rejeitar o nome da advogada, já que a votação foi aberta.
Em abril de 2014, antes de Marianna formalizar a candidatura, o advogado Sérgio Bermudes organizou uma festa para comemorar os 60 anos do ministro e convidou os 180 desembargadores do Rio. A festa acabou cancelada.
Magistrados e advogados interpretaram a comemoração como a largada da campanha de Fux pela escolha de Marianna, que até agora trabalhava no escritório de Bermudes. O advogado negou qualquer vínculo da festa com a candidatura de Marianna e disse que apenas queria homenagear Fux, de quem é amigo há 40 anos.
Ao ser escolhida para a lista sêxtupla da OAB, Marianna queixou-se de “perseguição política” durante a disputa. “Mostrei que eu era capaz de concorrer”, afirmou. A advogada foi procurada pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta terça-feira, por telefone, mas a informação é de que estava em reunião, sem hora para terminar.
Fux foi nomeado pela presidente Dilma Rousseff em fevereiro de 2011, com apoio do então governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), aliado da presidente. No mesmo dia em que a filha entrou na lista da OAB, Fux autorizou abertura de inquérito no STF para investigar o secretário de Coordenação de Governo do município do Rio, Pedro Paulo Carvalho Teixeira, por lesão corporal.
Pré-candidato a prefeito, Pedro Paulo tem foro privilegiado por ser deputado, mesmo licenciado. A ex-mulher do secretário, Alexandra Marcondes, registrou queixa na polícia, em fevereiro de 2010, e disse ter sido agredida por Pedro Paulo durante uma briga do casal, depois de ela descobrir que tinha sido traída.
Em agosto do mesmo ano, Alexandra fez outro registro e disse que Pedro Paulo a perseguia e havia ameaçado “sumir” com a filha do casal. A primeira queixa de agressão foi feita em São Paulo, em dezembro de 2008.
Neste ano, Alexandra apresentou nova versão ao Ministério Público, incluída na defesa de Pedro Paulo. Disse que “partiu para cima” do marido quando descobriu a traição e que houve agressões mútuas.
Apesar do desgaste de Pedro Paulo com o episódio, o PMDB-RJ garantiu a candidatura do secretário à sucessão do prefeito Eduardo Paes.
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