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A ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Eliana Calmon, intimou na noite desta segunda-feira (29) o ex-ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, e os governadores Teotônio Vilella (PSDB), de Alagoas, e Jackson Lago (PDT), do Maranhão, a prestarem depoimentos sobre suposto envolvimento no esquema de fraude em licitações que foi descoberto durante investigação da Polícia Federal (PF).

O depoimento do ex-ministro e dos governadores está marcado para a próxima quarta-feira (30). Além deles, no mesmo dia, a ministra pretende colher os depoimentos do deputado distrital Pedro Passos Júnior (PMDB) e de Ulysses Martins, procurador do estado do Maranhão.

Demissão

Silas Rondeau pediu demissão do cargo na última terça-feira (22), após ser apontado pela PF como suspeito de ter recebido, dentro do próprio ministério, R$ 100 mil de propina da construtora Gautama.

Na carta a Luiz Inácio Lula da Silva, Rondeau disse que deixou o cargo para se defender das "descabidas e injustas inverdades". "A injustiça que recaiu sobre a minha pessoa leva-me a solicitar a vossa excelência minha exoneração, a fim de melhor proteger minha pessoa, minha família, minha honra, minha história e permitir ao governo que siga com todas as energias voltadas para o crescimento do país", afirma o texto.

Em nota, no mesmo dia, ele afirmou também que a decisão de deixar o cargo teve o objetivo de evitar "que a imagem do governo seja de algum modo afetada".

Teotônio Vilela

As gravações da PF apontam para um suposto envolvimento do governador Teotônio Vilela no favorecimento à empreiteira Gautama em Alagoas. A empresa teria interesse na liberação de dinheiro para construção de barragens e até um encontro entre o governador alagoano e o dono da Gautama, Zuleido Veras, teria sido organizado pelo representante do governo de Alagoas, Enéas de Alencastro.

No último dia 23 de maio (quarta-feira), o governador de Alagoas negou qualquer influência política do empresário Zuleido Veras, dono da Gautama, no estado. "Ele (Zuleido) tem obras em Alagoas e não tem nenhuma influência no governo do estado", afirmou. "Ele circula como outros empresários", ressaltou.

Teotônio Vilela minimizou ainda sua relação com o empresário. "Não sou do convívio social dele. Nunca fui à casa dele, nem ele foi à minha", disse. O governador falou também que nunca "teve fixação" em saber as referências sobre o empresário.

Jackson Lago

O governador do Maranhão, Jackson Lago, chegou a ter pedido de prisão pelo Ministério Público (MP), mas a ministra Eliana Calmon, relatora do inquérito, considerou que não havia elementos para mantê-lo detido quando a Operação Navalha foi deflagrada.

Dois sobrinhos de Lago, Alexandre Maia Lago e Francisco de Paula Lima Junior, foram acusados de receber dinheiro da empreiteira Gautama.

Os sobrinhos do governador do Maranhão, entretanto, se negaram a prestar esclarecimentos durante os depoimentos e acabaram soltos pela Justiça.

Pivô

Zuleido Veras é o pivô do esquema que a PF diz ter desmontado na semana passada que favoreceria a

Gautama em licitações e que prendeu, além dele

próprio, mais 46 pessoas. O foco da máfia de obras públicas estaria em Alagoas. Pelo menos cinco pessoas ligadas ao governo daquele estado foram presas por suspeitas de envolvimento no escândalo.

Eliana Calmon determinou, também, que três delegados da PF que participaram das investigações da Operação Navalha sejam afastados do caso. Os nomes, no entanto, ainda não foram divulgados.

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