A Justiça acatou o pedido do Ministério Público Estadual (MP) e prorrogou até sexta-feira a prisão do ex-diretor-geral da Assembleia Legislativa do Paraná Abib Miguel, o Bibinho, e de outros quatro detidos na Operação Argonautas. Bibinho foi preso na sexta-feira no momento em que recebia uma mala com R$ 70 mil no aeroporto de Brasília.
O prazo da prisão temporária de cinco dias vencia ontem. A prorrogação foi autorizada pela 4.ª Vara Criminal de Curitiba, mesma instância que autorizou a prisão na semana passada. Considerado pelo MP como mentor de um esquema de funcionários fantasmas no Legislativo estadual, Bibinho está com contas bancárias e bens bloqueados para assegurar que o dinheiro desviado possa ser devolvido aos cofres públicos.
Na operação, também foram presos os irmãos Edivan e Sandro Bataglin, acusados de administrar empresas que estão em nome de outras pessoas, mas que pertenceriam ao ex-diretor, por meio das quais ele movimentaria dinheiro. Foram detidos ainda dois filhos de Bibinho, Luciana de Lara Abib e Eduardo Miguel Abib.
Como o inquérito corre em segredo de Justiça, o advogado da família de Bibinho, Eurolino Sechinel dos Reis, disse que não vai se manifestar. A operação foi desencadeada pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do MP, para mostrar que, mesmo oficialmente afastado de atividades comerciais, Bibinho continuava movimentando recursos e havia montado uma rede de empresas em nome de outras pessoas.
Os promotores devem passar a semana analisando a documentação que foi apreendida na casa de Bibinho. Escutas telefônicas, autorizadas pela Justiça, revelaram as negociações do grupo e embasaram os pedidos de prisão.
Malas
Pelo menos desde agosto, Bibinho recebia uma remessa mensal de dinheiro. O MP tem vídeos que comprovam as movimentações. As entregas aconteciam no estacionamento do aeroporto. Em agosto, setembro e novembro foram em Brasília. Em outubro, foi em Curitiba. O dinheiro vinha, basicamente, do arrendamento de fazendas e da produção agrícola. Sem poder movimentar dinheiro por transações bancárias, ele buscava quantias em espécie.
Para os promotores, depois das primeiras prisões em 2010, Bibinho "afastou" o vasto patrimônio que amealhou para tentar proteger os bens, evitando apreensões.
No vídeo feito no momento da prisão, dia 28, Bibinho, aparentando tranquilidade, confirma que é o "dono" dos R$ 70 mil. Ao ser questionado sobre o que carregava na mochila, respondeu: "Tem dinheiro meu." Os maços com notas de R$ 100 e R$ 50 estavam embalados na mochila.Veja o vídeo da prisão de Bibinho: