Justus (esq.) e Rossoni: ex-presidente estaria tentando "marcar território" diante do atual comandande da Assembleia| Foto: Hedeson Alves e Albari Rosa/ Gazeta do Povo

O atual presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Valdir Rossoni (PSDB), e o último ocupante do cargo, Nelson Justus (DEM), tiveram ontem o primeiro atrito público desde o início da nova legislatura, há um mês. O motivo foi a nomeação de 12 funcionários comissionados por parte de Justus para atuar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da qual ele é o novo presidente. No entanto, como os líderes dos partidos haviam acertado que apenas dois cargos de confiança seriam ocupados em cada uma das 19 comissões permanentes da Casa, Rossoni revogou o ato de nomeação dos funcionários da CCJ. O mesmo foi feito em relação à Comissão de Orçamento, presidida por Nereu Moura (PMDB), que apresentava quatro nomeações.

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As definições feitas por Justus foram publicadas ontem no Diário Oficial. No total, os 12 cargos co­­missionados da CCJ custariam R$ 32,1 mil à Assembleia, podendo chegar perto de R$ 100 mil se todos os funcionários recebessem até 200% de gratificação salarial, conforme foi autorizado em lei aprovada na semana passada.

Porém um acordo de lideranças partidárias decidiu que apenas duas das 12 vagas comissionadas previstas na lei seriam ocupadas e o teto salarial, somando-se os nomeados, não poderia ultrapassar R$ 18 mil.

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O alerta de que a CCJ estaria com mais servidores foi feito pelo deputado Tadeu Veneri (PT) em discurso na tribuna do plenário. Em resposta ao petista, Rossoni afirmou que tinha acabado de assinar a revogação do ato de nomeação dos comissionados da CCJ. "Vamos trabalhar em cima do acordado. O que estiver errado será corrigido imediatamente", disse o tucano. "Continue vigilante, deputado Tadeu Veneri. Não podemos mais deixar dúvidas sobre as ações da Mesa Executiva."

Na revogação, o presidente da Assembleia determinou ainda que fossem corrigidas as datas de nomeações para as comissões, que foram publicadas como retroativas a fevereiro, quando elas nem sequer haviam sido instaladas. Segundo Rossoni, a data passará para 1.° de março.

Queda de braço

Nos bastidores, o fato de Justus ter desrespeitado o acordo de líderes foi tratado como uma forma de o ex-presidente da Casa "marcar território". "Foi um desafio ao Rossoni. Uma forma de dizer: 'Nomeio quem eu quiser'", afirmou um deputado que pediu para não ter o nome revelado.

Na prática, as nomeações feitas por Justus têm amparo na lei de cargos da Assembleia, em vigor desde março do ano passado. De acordo com a Lei 16.390, cada comissão tem direito a nomear 12 comissionados, num valor total que pode chegar a R$ 120 mil em salários. Rossoni, entretanto, já adiantou que vai baixar uma resolução da Mesa Executiva normatizando as nomeações de comissionados conforme o acertado entre os líderes.

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Uma saída sugeridaa por Veneri é a nomeação de apenas um comissionado por comissão e de até cinco servidores efetivos, que seriam contratados por meio de concurso público. A regra está prevista em um projeto do petista que chegou a ser aprovado pela CCJ no ano passado, mas acabou arquivado ao fim da legislatura passada. Ao pedir o desarquivamento da proposta, o parlamentar afirmou que pretende "profissionalizar e despolitizar" o trabalho das comissões. "Enquanto não se mudar a lei todas as comissões podem nomear 12 comissionados", alertou.

Justus não esteve em plenário ontem e não foi encontrado para comentar o assunto.

Equívoco

Já em relação ao excesso de nomeações feitas na Comissão de Orçamento, a Mesa afirmou que houve um erro por parte do departamento de pessoal da Casa. As duas nomeações a mais feitas pela presidente da comissão, Nereu Moura, foram um erro de digitação, justificou o primeiro-secretário da As­­sembleia, Plauto Miró (DEM). O erro também foi revogado ontem.

Plauto, que é do mesmo partido de Justus, tentou minimizar as nomeações feitas pelo colega de legenda. Ele chegou a afirmar que o ex-presidente da Assembleia não desrespeitou o acordo de líderes e que tudo não passou de outra falha da administração da Casa. A tese de erro, porém, havia sido rechaçada por Rossoni logo após revogar o ato das nomeações feitas por Justus.

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