O PSD não tem candidato oficial ao governo de São Paulo, mas já escolheu a segurança como bandeira principal na campanha contra a reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB). Para isso, busca aliados que já atuaram na cúpula da área nas gestões tucanas, consolidando um movimento que o presidente da sigla, Gilberto Kassab, começou ainda na Prefeitura e agora transforma em alicerce do programa do PSD para 2014.
Kassab conta com um grupo que já é chamado no partido de "conselho de segurança" para elaborar propostas no setor. Participam o ex-comandante da Polícia Militar Álvaro Camilo, atualmente vereador pelo PSD; o ex-subdelegado-geral da Polícia Civil Alberto Angerami, delegado aposentado que hoje é assessor na SPTuris, da Prefeitura; e o sociólogo Túlio Kahn, responsável pelas estatísticas de criminalidade do governo entre 2003 e 2011.
Camilo e Angerami chegaram à cúpula da segurança na gestão José Serra (PSDB) e ainda são influentes em suas respectivas polícias. Kahn foi levado à pasta pelo hoje secretário de Transportes de Alckmin, Saulo Abreu, e deixou o governo no início do atual mandato.
Esse grupo apresentou duas propostas que, em comum, preveem recursos do governo para ações em parceria com as prefeituras paulistas. A primeira é custear com verba estadual os convênios da Operação Delegada - hoje, são os municípios que pagam os extras para os PMs que trabalharem nos dias de folga. A outra é usar estrutura e dinheiro do Estado para ajudar prefeituras a criar ou aperfeiçoar as guardas civis municipais com treinamento e supervisão - atualmente, cerca de 30% das cidades paulistas têm guardas civis, segundo Kahn.
"Compromisso"
Ao aprovar as duas primeiras políticas de governo do PSD, Kassab deixa claro que a segurança será parte do discurso do candidato do partido - "tendência mais provável", segundo o ex-prefeito, nome mais cotado para isso - ou de quem a sigla decidir apoiar. Nesse discurso, a Operação Delegada será destaque: o convênio foi criado quando Kassab era prefeito, Serra estava no governo estadual e Camilo comandava a PM.
"É o primeiro compromisso do programa político do PSD. Segurança é a grande preocupação no Estado de São Paulo", diz Kassab. "O governo precisa deixar claro: segurança é prioridade ou não é? Para nós, é."
Kassab havia entrado no debate da segurança em artigo publicado na semana passada, no jornal Folha de S. Paulo, no qual afirmou que "não se pode improvisar políticas consistentes de segurança" referindo-se a medidas anunciadas por Alckmin, como bônus para os policiais. O texto despertou reações de tucanos como o ex-governador Alberto Goldman, para quem o ex-prefeito trilhava um "caminho de risco" ao criticar a gestão do PSDB na segurança.
O PSD está ainda atrás de lideranças das Polícias Civil e Militar para que se filiem ao partido, entre elas o ex-delegado-geral Marcos Carneiro Lima, que trabalhou com Alckmin até o ano passado. O próprio Kassab participa das conversas.
O partido sonha ter uma bancada representativa na área na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados. "A situação na segurança pública está parecida com a da época do Covas. Os grupos estão se formando em torno dos candidatos", disse um delegado de classe especial da atual cúpula da Polícia Civil. Na campanha à reeleição de Mário Covas, em 1998, parte da instituição fez campanha para os adversários do tucano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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