A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), disse "não ver" a resistência do frigorífico JBS à sua indicação ao Ministério da Agricultura, após convite feito pela presidente Dilma Rousseff para que ela comande a pasta a partir de 2015. "Nunca conversei com eles sobre isso. O que eu leio é o que vocês estão vendo na imprensa. Sinto muito se for verdade, mas não vejo motivos para isso", disse. Sobre o convite, a senadora desconversou. Sorrindo afirmou tratar-se de "especulação" e que "não trabalha sobre hipóteses". Ela destacou seu trabalho no Senado e na CNA como ações para valorizar o produtor rural e não favorecer interesses de grandes empresas.
Conforme revelou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, na semana passada, o empresário Joesley Batista - um dos sócios do grupo JBS - esteve no Palácio do Planalto e pediu ao ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para que Dilma revisse a indicação da senadora.
Kátia Abreu tem sido crítica ao JBS desde que a empresa iniciou a campanha da marca Friboi como sinônimo de qualidade da carne. Ela chegou a utilizar a tribuna do Senado para criticar a empresa. "A intenção em todos os momentos da minha vida e da minha luta é ter espírito público e trabalhar para o Brasil e não para corporações específicas", afirmou, ao ser questionada sobre a resistência do JBS ao seu nome para Agricultura.
Kátia participou do lançamento do anuário Perspectivas 2015 da CNA e comentou sobre como deve ser o perfil do novo ministro da Agricultura. De acordo com a senadora, o novo titular do ministério deve buscar mercados internacionais para o agronegócio, incentivar o acesso à tecnologia pelo médio produtor e estimular a consolidação da classe média do campo.
A defesa do fortalecimento da classe média agrícola pode ser vista como um recado de boa convivência por parte dela com o segmento, resistente sua indicação para a Agricultura por acreditar que ela representa os grandes fazendeiros. Para isso, a senadora defendeu que a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) saia do papel e que haja uma ampliação do Pronatec Rural por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). "Se pretendemos criar um classe média verdadeira, sólida, a assistência técnica é (necessária) em primeiríssimo lugar", disse.
"Assistência técnica e extensão do Pronatec rural são dois instrumentos unidos com o Senar, que não tem tantos recursos como os outros do Sistema S, mas que, com nosso know how e capilaridade do campo, juntando os programas do governo, tenho certeza de que nós chegaremos lá", disse.
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