"O deputado Kielse está promovendo uma vendeta por eu não ter participado de sua tentativa de achaque. Ele é achacador e bandido, tem uma história com a pistolagem."
Ney Leprevost (PSD), deputado estadual.
"Esse é o modus operandi do deputado Ney Leprevost, passar a culpa para os outros. Se ele tiver qualquer crítica pessoal contra mim terá que provar. A doação está lá registrada."
Cleiton Kielse (PEN), deputado estadual.
Após afirmar que haveria parlamentares corrompidos com as concessionárias de pedágio no Paraná, o deputado estadual Cleiton Kielse (PEN) subiu à tribuna da Assembleia Legislativa na sessão de ontem para disparar contra os colegas. Em pronunciamento, ele acusou Ney Leprevost (PSD) de receber dinheiro de empresários ligados ao pedágio e afirmou que a Mesa Executiva é "conivente" com as concessionárias. As declarações podem fazer com que Kielse enfrente um processo de cassação. Leprevost, com quem o deputado chegou a bater boca no plenário, disse que pediria para que fosse aberto um processo contra o colega por quebra de decoro.
A polêmica começou em julho, quando Kielse afirmou em entrevista a uma emissora de rádio que uma CPI para investigar o pedágio não vinga "em função de deputados comprados pelas concessionárias". Por solicitação do presidente da Assembleia, Valdir Rossoni (PSDB), o Conselho de Ética abriu um processo disciplinar contra o deputado, notificado a apresentar sua defesa.
Ontem, Kielse citou nominalmente Leprevost. Segundo ele, o deputado teria recebido em sua campanha de 2010 uma doação de R$ 1 milhão de empresários ligados à empreiteira CR Almeida, uma das sócias da concessionária de pedágio Ecovia. "O deputado assinou o pedido de instalação da CPI e depois retirou seu nome", disse. Leprevost confirmou ter recebido a doação, alegando que os proprietários da empresa são seus amigos. Na prestação de contas da campanha de 2010 de Leprevost constam as doações de Ricardo Beltrão de Almeida e Guilherme Beltrão de Almeida, de R$ 200 mil e R$ 300 mil, respectivamente.
Quanto à retirada da assinatura do pedido de CPI, explicou que ela aconteceu porque Kielse teria dito que a investigação seria usada para achacar as concessionárias. Após a declaração, o clima esquentou no plenário da Assembleia. Kielse chamou Leprevost de "mentiroso". O parlamentar do PSD respondeu com acusações de "bandido" e "pistoleiro". Ao final, Leprevost anunciou que irá pedir a cassação de Kielse por quebra de decoro.
Sobraram acusações também para Rossoni, o 1.º secretário Plauto Miró Guimarães (DEM) e o líder do governo, Ademar Traiano (PSDB), tachados de "coniventes" com as concessionárias. Uma das alegações de Kielse é que Luiz Caldas, procurador-geral da Assembleia, é irmão de Maria Luiza Caldas, funcionária da Casa e que, segundo o deputado, seria diretora de uma das concessionárias.
Procurada pela reportagem, Maria Luiza disse que é funcionária licenciada da Assembleia e que possui uma microempresa que presta serviços de marketing para a Ecovia. Ela disse que as declarações de Kielse são "infundadas" e ressaltou que tanto ela como o irmão nunca trocaram favores. A Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR) divulgou nota rebatendo Kielse: "As declarações do parlamentar estão equivocadas, não sendo a expressão da verdade, tão pouco revelam a realidade dos resultados, que são permanentemente fiscalizados pelo poder concedente do estado".
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