Fortaleza (Folhapress) Como numa cena de cinema, ladrões conseguiram levar do cofre do Banco Central de Fortaleza R$ 150 milhões, sem serem notados, no fim de semana. Segundo a Polícia Federal, esse foi o maior assalto a banco no país.
A ação foi sofisticada. Há três meses, os ladrões alugaram uma casa próxima à sede do banco, no centro de Fortaleza, a reformaram e montaram até uma empresa de fachada, Gramas Sintéticas, de venda e plantio de gramas naturais e artificiais.
Com a empresa, era facilmente justificável a retirada freqüente de terra da casa, resultado da escavação do túnel que levou os ladrões até o cofre do banco.
A casa alugada não ficava na mesma rua do banco, mas a um quarteirão, na Rua 25 de março, número 1.071, separada por outras casas e por uma avenida, a Dom Manuel, bastante movimentada. O prédio do Banco Central fica na esquina da Avenida Dom Manuel com a Avenida Heráclito Graça.
O túnel começou a ser escavado no último cômodo da casa, que fica no subsolo e é o mais próximo da avenida. Para facilitar a respiração, foi instalado um ar-condicionado no quarto, próximo ao início da escavação.
Toda a construção do túnel, que tem 80 metros de extensão e cerca de 70 centímetros de largura, foi sustentada e revestida por tábuas de madeira, sacos de areia e lonas plásticas. Cabos de eletricidade cruzam todo o túnel, que era iluminado por lâmpadas. Até um ventilador foi instalado no local, que estava há quatro metros de profundidade.
Por ser estreito, a passagem tinha de ser feita um a um, agachado ou até deitado, em alguns trechos.
Na chegada ao cofre do banco, os ladrões ainda tiveram de arrombar o piso, de 1,10 metro de largura, reforçado por concreto e aço. Eles não usaram explosivos. No túnel, foram encontradas ferramentas, como alicates, furadeiras, serra elétrica e maçarico.
O buraco da entrada do cofre ficou em formato de círculo, numa precisão milimétrica.
A escavação possivelmente começou a ser feita na época em que os homens alugaram a casa, segundo a PF. A ação para arrombar o piso do cofre, porém, foi no fim de semana, de sábado para domingo.
O circuito interno de tevê e os sensores de presença do cofre não foram acionados e não há imagem de nada. A PF e o Banco Central não explicaram o motivo da falha.
As notas levadas são antigas, com números de série não seqüenciais, e não tinham passado ainda por nenhum controle interno do Banco Central que possa identificá-las. Elas passariam por uma análise para saber se seriam mantidas no mercado ou se seriam queimadas, pelas más condições.
Pela estimativa da PF, eram 3 milhões de notas de R$ 50, embaladas em pacotes de mil notas e que pesariam 3.500 quilos.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, determinou a abertura de uma sindicância para apurar as circunstâncias relacionadas ao assalto ocorrido no escritório do BC em Fortaleza. A comissão terá prazo de 30 dias para apresentar suas conclusões.
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