O gerente de engenharia do Metrô de São Paulo, Ricardo Leite, lamentou que as providências para conter um afundamento da laje nas obras da Linha 4 do Metrô de São Paulo "não tenham chegado a tempo".
Em entrevista coletiva realizada durante a tarde deste sábado (13) no canteiro da futura Estação Pinheiros, o gerente de engenharia reconheceu que na quinta-feira (11) houve um "recalque" no teto de um túnel, termo usado para descrever um rebaixamento de nível.
Depois de os engenheiros avaliarem a situação, os funcionários da obra chegaram a preparar a colocação de barras de suporte, mas não conseguiram concluir o serviço a tempo até as 15h de sexta-feira (12), momento do acidente.
Depois de lamentar a não resolução do problema, o gerente de engenharia recuou. Ricardo Leite disse que prefere esperar pelos laudos técnicos, classificou movimentações de terra desse tipo como "normais" e afirmou que não se pode dizer neste momento que o afundamento da laje tenha resultado no acidente.
Durante outra entrevista, o secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo, José Luiz Portella, negou que o desabamento nas obras da área tenha sido provocado por erro técnico na construção dos túneis.
Na região do acidente é utilizado o sistema NATM (sigla em inglês para "New Austrian Tunnelling Method", Novo Método Austríaco de Construção de Túneis), técnica de escavação com o uso de explosivos.
"O trabalho feito na Estação Pinheiros só poderia ser realizado com esse método", disse. O secretário falou que aguarda um laudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), ligado à Universidade de São Paulo (USP), para determinar os motivos do acidente.
Túnel trincado
Um funcionário que trabalha na obra da Linha 4 do Metrô de São Paulo já havia afirmado à TV Globo que, na noite anterior ao acidente, o túnel próximo à futura Estação Pinheiros apresentava rachaduras. De acordo com o funcionário, que falou sob condição de anonimato, as falhas foram cobertas com concreto.
"O túnel estava 'trincado' e foram pedidos 5 metros de projetado (concreto) para cobertura do túnel, para que a fiscalização não visse", disse o funcionário. Ele afirma que alertou que o conserto não ia "adiantar nada", por não garantir reforço algum à estrutura.
A concessionária Via Amarela, responsável pela construção da Linha 4, confirmou que houve reparos no túnel durante a madrugada de quinta-feira para sexta-feira. De acordo com a consórcio composto pelas empresas Camargo Correa, Andrade Gutierrez e Siemens, a colocação de concreto para reforço é uma medida de rotina, destinada a impedir a infiltração d'água e evitar rachaduras.
O fosso que ruiu às 15h de sexta-feira era usado como acesso de funcionários e equipamentos à obra do Metrô. Do fosso, partem dois túneis: um segue por baixo do Rio Pinheiros; o outro vai para o Centro. Foi a partir desse segundo túnel que a estrutura, inaugurada há um ano, começou a desabar.
De acordo com o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo (CREA-SP), a natureza frágil do solo às margens do Rio Pinheiros é a razão mais provável de acidente. O solo, típico de uma área de várzea, pode ter ficado ainda menos firme com a chuva intensa nos últimos meses na cidade.
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