Na expectativa do lançamento da candidatura do governador José Serra à Presidência da República, PSDB, DEM e PPS reuniram-se nesta quarta-feira para acertar detalhes dos preparativos da festa marcada para o próximo dia 10. A ideia é promover um evento fora dos padrões tradicionais da política brasileira, sem palanque ou militância paga, com pouquíssimos oradores e público representativo. A princípio, estão previstos discursos apenas dos presidentes do três partidos de oposição e do candidato, deixando de fora estrelas tucanas como o ex-presidente Fernando Henrique.
Esse seria o sinal mais claro de que a oposição não pretende alimentar a estratégia do PT de estimular uma comparação entre os governos Lula e de FH.
"A mensagem principal será a do candidato. Será a palavra de um líder, para parar e ouvir", antecipou o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).
O convite para o evento, que já começou a ser distribuído por e-mail, será para um Encontro Nacional do PSDB, DEM e PPS, e não para uma convenção. O palco escolhido - por coincidência, o mesmo que será usado pelo governo para lançar dia 29 o chamado PAC-2 - será o Centro Empresarial Brasil 21. Só com o aluguel do espaço, o PSDB desembolsará R$ 18 mil.
O público representativo, na expectativa do PSDB, contará com pelo menos 500 prefeitos, bancadas federais, deputados estaduais, vereadores e governadores tucanos, do DEM, PPS e até representantes de partidos governistas como o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique, e o senador Jarbas Vasconcelos, ambos do PMDB. Está prevista a presença de empresários, intelectuais, artistas e nomes de entidades civis alinhados com a campanha da oposição.
Governador não receberá salário do partido durante a campanha
Sem a estrutura do governo de São Paulo a partir da próxima semana, Serra terá de sobreviver com as próprias economias nos três meses da pré-campanha. Respondendo ao presidente do PT, José Eduardo Dutra, que quis saber quem vai bancar as despesas de Serra, dirigentes do PSDB informaram nesta quarta-feira que o partido não vai pagar seus salários, de assessores e nem alugar casa e imóveis para escritório.
Guerra confirmou, entretanto, que caberá ao partido custear todas as despesas de atividades partidárias que o pré-candidato cumprir até julho, quando começa a campanha oficial, inclusive aluguel de jatinhos.
Como o governador tem imóvel próprio em São Paulo, não será necessário o aluguel de casa para ele e a família. Quando viajar a Brasília, ficará em hotel, usando a estrutura de carros e servidores do PSDB na capital.
"Não é da nossa tradição, no PSDB, pagar salários para dirigentes e candidato. Nem membro do diretório pode receber remuneração, a menos que tenha uma função partidária. Temos inclusive curiosidade de saber como o PT vai contabilizar isso", disse Guerra.
O vice-presidente executivo do PSDB, Eduardo Jorge Caldas, disse que Serra já teria declarado que não quer receber salário do PSDB.
"Ele pode muito bem ter reservas acumuladas com o trabalho ao longo da vida, ou achar que está prestando um serviço público", disse Eduardo Jorge, lembrando que nem Serra, em 2002, nem Geraldo Alckmin, em 2006, receberam salários do PSDB.
A campanha de Serra não terá um tesoureiro apenas. Será criado um comitê financeiro formado por três notáveis. No organograma que está sendo fechado, a coordenação política ficará a cargo de Sérgio Guerra, completada por um conselho político formado por representantes dos partidos. Haverá coordenadores regionais. O comitê central será em Brasília - em local ainda a definir - e haverá um comitê em São Paulo, onde ficará concentrada a parte de marketing e programas de TV. O marqueteiro deverá ser Luiz Gonzalez.
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