Langoni: eleições podem comprometer crescimento da economia este ano

O ano de 2006 pode encolher e acabar apenas em seis meses. A frase costuma ser mencionada pelo economista Carlos Geraldo Langoni quando se refere ao possível efeito que o debate eleitoral poderá ter sobre a economia brasileira este ano, a partir do mês de julho.

Apesar de se declarar otimista em relação ao desempenho da economia brasileira, que deverá contar novamente com um cenário externo bastante favorável, o diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getulio Vargas (FGV) teme que a contaminação seja inevitável, como já ocorreu em outras eleições.

- Infelizmente, essa incerteza existe. O Brasil ainda não atingiu um estágio em que o processo eleitoral deixa de ser um plebiscito sobre política macroeconômica. No Chile, apenas para citar um exemplo saudável da América Latina, as eleições presidenciais não tiveram qualquer implicação, em termos de política macroeconômica - analisou.

Para ilustrar o grau de fragilidade institucional que ainda caracteriza o Brasil, Langoni observou que, durante os 18,5 anos em que Alan Greenspan esteve à frente do Federal Reserve (o banco central do Estados Unidos), o Brasil teve 13 presidentes no BC.

- O que me preocupa é que o debate político, ao invés de focar questões fundamentais como uma nova agenda de reformas estruturais e o uso mais eficiente dos recursos públicos, retorne a questões já superadas, como a austeridade fiscal, os superávits primários, o câmbio flutuante e o controle da inflação, que precisam ser mantidos. Mas a verdade é que, dependendo do tom político, importantes decisões sobre investimentos no país podem acabar sendo adiadas - advertiu.

Para debater a influência das eleições e do cenário externo na economia brasileira e os rumos da economia internacional, o Centro de Economia Mundial da Fundação Getulio Vargas (FGV), promove, na próxima segtunda-feira e em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e apoio do Globo Online, o Seminário Cenários da Economia Brasileira e Mundial em 2006. O evento será realizado no Centro de Convenções da Firjan.