| Foto: Pedro Serapio/Gazeta do Povo

A poucos quilômetros dos prédios do Ministério Público Federal (no Centro de Curitiba), da Polícia Federal (no Santa Cândida) e da Justiça Federal (no Ahú), o Palácio Iguaçu, sede do governo do estado, foi atingido por estilhaços da Operação Lava Jato. O governador Beto Richa (PSDB) é um dos nomes presentes na chamada “segunda lista de Janot”, encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Procuradoria-Geral da República. Apesar de ainda não se saber em que circunstâncias, o tucano foi citado nas delações premiadas de executivos e ex-executivos da Odebrecht.

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Além do desgaste à imagem de Richa, o suposto envolvimento dele no esquema do petrolão deverá ter reflexos nas eleições majoritárias do ano que vem, quando estarão em disputa o próprio governo e duas vagas no Senado. O caminho natural para o político tucano − como atual detentor da máquina estatal e, portanto, principal peça do xadrez eleitoral para 2018 – seria tentar se eleger senador e emplacar o sucessor no Palácio Iguaçu. No entanto, além de reduzir o poder de articulação dele, um novo escândalo no atual mandato reforça a tese de que Richa pode abrir mão de se candidatar, ficando sem mandato pela primeira vez em 24 anos, a partir de 2019.

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Outro lado

“Desconheço o contexto no qual tive meu nome citado. Todas as minhas campanhas tiveram a origem dos recursos declarada à Justiça Eleitoral”, afirmou o governador Beto Richa (PSDB), em nota, a respeito da citação ao nome dele na “segunda lista de Janot”.

Turbulências

Há um ano, Richa apareceu em uma planilha com valores de doações de campanha para políticos na eleição de 2010 apreendida pela PF na deflagração da Operação Acarajé. Neste mês, os executivos Marcelo Odebrecht e Benedicto Jr. revelaram que o Grupo Petrópolis, de onde partiu a doação de R$ 200 mil ao PSDB do Paraná constante na planilha, era usado como “laranja” pela Odebrecht para repasses eleitorais – foram R$ 160 mil da empresa Leyroz de Caxias e R$ 40 mil da indústria Praiamar.

A situação desconfortável para Richa se soma a uma extensa lista de problemas neste segundo mandato: o aumento pesado na carga tributária, de ICMS e IPVA; o confronto entre policiais e professores no dia 29 de abril de 2015; a Operação Publicano, que apura desvios na Receita Estadual; e a Operação Quadro Negro, que investiga fraudes em obras de escolas estaduais.

Tamanha turbulência vem tendo reflexos diretos na popularidade do governador. Levantamento do Paraná Pesquisas do fim do ano passado mostrou que 71,4% dos curitibanos – principal eleitorado de Richa − desaprovavam a administração estadual. O mesmo instituto também colocou o tucano apenas como quarto colocado na briga por uma das duas vagas ao Senado, atrás de Osmar Dias (PDT), Ratinho Jr. (PSD) e Roberto Requião (PMDB). E a briga pode se tornar ainda mais ingrata diante das especulações sobre uma possível candidatura a senador de um dos nomes que comandam a Operação Lava Jato em Curitiba, oriundo da PF ou do MPF.

Nesse cenário, Richa seria um aliado indesejado em 2018 para qualquer postulante ao governo do estado. Por ora, especula-se o apoio dele a Osmar, Ratinho ou à vice-governadora Cida Borghetti (PP) na eleição para o Executivo. Mas na última eleição para prefeito de Curitiba, por exemplo, o governador deu apenas apoio formal a Rafael Greca (PMN). Ele não apareceu ao lado dele em nenhum momento da campanha nem gravou participação no horário eleitoral. A aparição conjunta se deu apenas após a confirmação da vitória do atual prefeito no segundo turno.

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Se decidir disputar o Senado, porém, Richa não poderá se esconder como fez com Greca. Terá de ir às ruas e, consequentemente, enfrentar os ataques dos adversários e questionamentos dos eleitores. Diante desse quadro e de uma possibilidade real de derrota, crescem as chances de o tucano permanecer no mandato até o fim em vez de renunciar em abril de 2018 para poder se candidatar a senador.