Os imprevisíveis desdobramentos da Operação Lava Jato da Polícia Federal (PF), que investiga desvio de dinheiro da Petrobras, colocaram em compasso de espera as negociações sobre a fusão de partidos. Tema recorrente em períodos pós-eleições, especialmente devido ao aumento do número de partidos no Congresso 28 na próxima legislatura , o assunto tem rendido muita conversa, mas pouco resultado prático. "Com a Lava Jato, não sabemos o que pode acontecer. Chegamos à conclusão de que o melhor é esperar", afirma o vice-líder do DEM na Câmara, o deputado paranaense Abelardo Lupion.
Com 22 deputados federais eleitos, seis a menos do que na atual legislatura, o DEM é uma das siglas que negociam fusão com o PSDB e com o Solidariedade (SD). Mas, a passos lentos. "Não vamos fazer nenhuma loucura agora, nenhuma medida açodada", garante Lupion. O parlamentar admite que as conversas nunca foram interrompidas, mas o DEM prefere aguardar os próximos passos dos partidos, já que pode herdar descontentes com outras fusões e dissidentes de siglas citadas nas investigações. A única unanimidade no Democratas nesse momento é que "uma fusão hoje com o PSDB é muito difícil", afirma Lupion. Um dos maiores empecilhos está em Goiás. Lá, o governador reeleito Marconi Perillo (PSDB) e o recém-eleito senador Ronaldo Caiado, nome forte no DEM, são adversários ferrenhos.
Os partidos que negociam fusões têm basicamente duas grandes preocupações: superar diferenças regionais, já que muitas siglas aliadas nacionalmente são adversárias nos estados; e a própria possibilidade de perder integrantes, já que a lei eleitoral prevê que, em caso de fusões, os descontentes podem deixar o novo partido sem risco de perder o mandato.
É o que preocupa, também, o Solidariedade (SD) que, além do DEM, estuda formar um novo partido unindo PPS, PSB e PV. Partidos nanicos também negociam. "Hoje está tudo muito dividido", confessa o líder do SD na Câmara, o deputado federal reeleito pelo Paraná Fernando Francischini. Mas o parlamentar ressalta uma dificuldade: as eleições municipais de 2016. O grupo da nova sigla teria três possíveis candidatos a prefeito de Curitiba: o próprio Francischini; o presidente estadual do PPS, deputado federal Rubens Bueno; e o ex-prefeito Luciano Ducci (PSB). Quem abrir mão poderia ter a vaga para o Senado em 2018. Mas ainda assim um dos três líderes ficaria de fora. Além disso, também há problemas em outros estados.
Com tantas variáveis, a tendência é mesmo pela formação de um "blocão" legislativo num primeiro momento que poderia ser formado. SD, PR, PTB, PSC e PMDB já vêm trabalhando unidos em várias questões. "O bloco já existe e tem se mostrado eficaz", afirma Francischini. O parlamentar lembra que muitas demandas da oposição acabam sendo acatadas pelo grupo. "O assunto fusão está encerrado no momento", garante Rubens Bueno. "A conversa inicial evoluiu para a formação do bloco parlamentar, com orientação, onde couber, para repetição nos estados e municípios."
PT se une a socialistas americanos para criticar eleições nos EUA: “É um teatro”
Os efeitos de uma possível vitória de Trump sobre o Judiciário brasileiro
Ódio do bem: como o novo livro de Felipe Neto combate, mas prega o ódio. Acompanhe o Sem Rodeios
Brasil na contramão: juros sobem aqui e caem no resto da América Latina
Deixe sua opinião