Igor Romário de Paula: pessimismo em relação a mudanças profundas no sistema político do país.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

A Operação Lava Jato foi deflagrada em março de 2014 com o objetivo de desfazer um grupo criminoso responsável por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Quase dois anos depois, a operação já foi responsável pela prisão e condenação de diversos políticos, como os ex-deputados Pedro Correa (PP), Luiz Argolo (SD) e André Vargas (ex-PT), além de envolver nomes de peso em governos anteriores, como o do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, por exemplo.

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Durante as investigações, a Polícia Federal descobriu um esquema de corrupção dentro da Petrobras, que favorecia políticos da base de sustentação do governo. “O esquema de corrupção tinha uma faceta muito importante que era o financiamento do projeto de poder de alguns partidos”, explica o delegado da PF Igor Romário de Paula.

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Os partidos que mais aparecem nas investigações são o PT, PMDB e PP. Para Igor de Paula, é natural que esses sejam os partidos que mais surgem, pois são a base de sustentação do governo federal. “É a base que vem sustentando o governo há 13 anos, então é normal que reflita mais neles. Mas algumas pontas já apareceram envolvendo partidos de oposição”, diz o delegado.

Não é a primeira vez que os partidos da base do governo federal estão no centro de um esquema de corrupção. A Lava Jato, de acordo com investigadores, é muito parecida com o mensalão. “A forma de política no Brasil é feita assim”, lamenta Igor de Paula.

Para o delegado, a operação que envolveu a prisão do senador Delcídio Amaral (PT) é um exemplo de como funciona a política no país. “As coisas agora estão escancaradas. Todo mundo sabe como funciona e a gente fica cada dia mais horrorizado da forma como é. Essa fase de Brasília que envolveu a prisão do senador Delcídio foi um tapa na cara da sociedade de forma brutal”, diz Igor de Paula, lembrando que o senador foi flagrado negociando abertamente uma forma de barrar as investigações e auxiliar na fuga de um possível delator. “É muito raro a gente ver isso em áudio sendo tratado”, afirma.

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Neste ano, o Ministério Público Federal (MPF) trabalha na busca pela responsabilização dos partidos políticos envolvidos na Lava Jato, algo inédito no país. Apesar de considerar um passo inovador, o delegado que comanda as investigações não acredita em uma mudança de postura tão cedo. “Eu tenho alguns colegas que são mais otimistas em relação a mudanças de postura, de mentalidade. Eu sou um pouco mais São Tomé”, diz Igor.