A 27.ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira (1), pode ajudar a esclarecer a morte mal explicada do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel (PT), que completou 14 anos na semana passada. A força-tarefa investiga nessa nova fase um esquema de lavagem de cerca de R$ 12 milhões, que teriam sido emprestados pelo Banco Schahin ao pecuarista e amigo pessoal de Lula José Carlos Bumlai – preso na Lava Jato no ano passado. Parte do dinheiro – R$ 6 milhões – teria sido usada para pagar o empresário Ronan Maria Pinto, preso durante a operação.
O empréstimo teria sido realizado para comprar o silêncio do empresário, que ameaçava envolver o ex-presidente Lula e pessoas próximas a ele no caso Celso Daniel. Em 2002, o então prefeito de Santo André Celso Daniel foi sequestrado ao sair de uma churrascaria. Ele foi torturado e morto com 13 tiros. As investigações da Polícia não são conclusivas em relação ao assassinato. O Ministério Público de São Paulo denunciou o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, ex-segurança de Celso Daniel, como mandante do crime.
Irmão de Celso Daniel acredita que Lava Jato pode esclarecer assassinato e acusa petistas de serem coniventes
Leia a matéria completaParentes do ex-prefeito afirmam que o crime foi político e motivado por um esquema de corrupção instalado na prefeitura da cidade. Para a família, Celso Daniel havia descoberto o esquema e pretendia denunciá-lo, por isso foi assassinado. No despacho que determinou a prisão de Ronan, o juiz federal Sergio Moro explica que o irmão do ex-prefeito, Bruno José Daniel, foi ouvido e relatou que depois da morte de Celso Daniel “lhe foi relatada a existência desse esquema criminoso que envolvia repasses de parte dos valores da extorsão ao Partido dos Trabalhadores”. Segundo o irmão de Celso, o fato foi relatado por Gilberto Carvalho - então chefe de gabinete da Presidência - e Miriam Belchior, ex-mulher de Celso Daniel.
O juiz ainda menciona um depoimento prestado em 2012 por Marcos Valério, em que o publicitário condenado no mensalão conta que foi procurado em 2004 pelo então secretário-geral do PT Silvio Pereira, também preso nesta sexta-feira (1.º), que dizia que o ex-presidente Lula estava sendo chantageado por Ronam, que pedia R$ 6 milhões em troca do seu silêncio sobre o Caso Celso Daniel. Além de Lula, Ronam estaria também chantageando o então ministro José Dirceu e o então chefe de gabinete da Presidência Gilberto Carvalho, que de acordo com o MPF também faziam parte do esquema na prefeitura da cidade.
Para Moro, possível relação com Caso Celso Daniel torna suspeita contra empresário "ainda mais grave"
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Sombra, o ex-secretário da prefeitura Klinger Luiz Oliveira Souza e o empresário Ronan Maria Pinto são investigados por suposto esquema de cobrança de propina em Santo André entre 1999 e 2001. Ronan seria responsável por arrecadar propina entre os empresários que exploravam linhas de ônibus em Santo André. Além disso, foi sócio numa empresa de ônibus de Sombra.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), para o dinheiro chegar ao empresário Ronan Maria Pinto, a operacionalização do esquema se deu, inicialmente, por intermédio da transferência dos valores de Bumlai para o Frigorifico Bertin, que, por sua vez, repassou a quantia de aproximadamente R$ 6 milhões a um empresário do Rio de Janeiro envolvido no esquema.
O empresário carioca teria realizado transferências diretas para a Expresso Nova Santo André, empresa de ônibus controlada por Ronan Maria Pinto, além de outras pessoas físicas e jurídicas indicadas pelo empresário para recebimento de valores. Dentre as pessoas indicadas para recebimento dos valores por Ronan, estava o então acionista controlador do Jornal Diário do Grande ABC, que recebeu R$ 210 mil em novembro de 2004. Na época, o controle acionário do periódico estava sendo vendido a Ronan Maria Pinto em parcelas de R$ 210.000. Suspeita-se que uma parte das ações foi adquirida com o dinheiro proveniente do Banco Schahin.
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