No seu primeiro pronunciamento oficial após as prisões da nova fase da Operação Lava Jato, a presidente Dilma Rousseff disse ontem acreditar que a investigação dos casos de corrupção na Petrobras pode mudar o Brasil "para sempre". A afirmação foi feita em entrevista à imprensa na Austrália, onde Dilma participou da reunião de cúpula das 20 maiores economias do mundo, o G-20. "Eu acho que isso [a Lava Jato] pode, de fato, mudar o país para sempre", afirmou a presidente.
Na entrevista antes do retorno ao Brasil, Dilma disse que o escândalo na maior empresa brasileira mudará o país porque mostra que não existe impunidade e haverá condenação de corruptos e também de corruptores. "Pode mudar o país no sentido de que vai se acabar com a impunidade. Essa é, para mim, a característica principal dessa investigação. É mostrar que ela não é algo engavetável." "Isso eu acho que mudará para sempre as relações entre a sociedade brasileira, o Estado brasileiro e as empresas privadas", disse.
A presidente repetiu diversas vezes que o escândalo da Lava Jato é "diferente" de casos anteriores. "Eu acredito que a grande diferença dessa questão é o fato de ela estar sendo colocada à luz do sol. Por quê? Porque esse não é, eu tenho certeza disso, o primeiro escândalo. Agora, ele é o primeiro escândalo investigado. O que é diferente", disse a presidente. "O fato de nós estarmos com isso de forma absolutamente aberta sendo investigado é um diferencial imenso."
Cautela
Apesar de reconhecer o alcance histórico dos desdobramentos do caso, Dilma afirmou aos jornalistas que é preciso ter "cuidado". "A gente tem de ter cuidado porque nem todas as investigações podem ser dadas como concluídas. Então, não pode sair por aí já condenando A, B, C ou D", disse.
A presidente disse ainda não concordar com o teor das manifestações populares que pedem seu impeachment e até uma intervenção militar, principalmente em função da Lava Jato. "O Brasil não se abala por um escândalo. Nós temos hoje uma opção democrática consolidada. Não somos um país que chegou ontem à democracia. Eu não concordo com o teor das manifestações, mas com a manifestação em si eu nada tenho contra ou a favor", disse Dilma.
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